sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Crime ambiental - PF aperta cerco contra tráfico de animais silvestres


O tráfico de animais silvestres sofre forte golpe da Polícia Federal. Agentes do IBAMA e da PF apreenderam no Mato Grosso do Sul, mais de 600 aves mantidas em viveiros e em Goiás, quase 2000 aves. O esquema nacional de tráfico de pássaros silvestres tinha inclusive a participação de criadores autorizados pelo IBAMA. A operação aconteceu em seis estados.

Entre os pássaros
apreendidos haviam espécies ameaçadas de extinção, como o bicudo, o pintassilgo do nordeste e a arara azul. Foram seis meses de investigação para desmontar o esquema. Uma parte da quadrilha capturava as aves nas regiões norte e centro-oeste do país. Depois as aves recebiam anilhas falsificadas. Essas anilhas são emitidos pelo IBAMA e servem para identificas aves nascidas em cativeiro.

Treze pessoas foram presas, mas devem responder em liberdade pelos crimes de formação de quadrilha, captura de aves e falsidade ideológica. As investigações revelaram que as anilhas eram produzidas aqui em Goiânia e distribuídas para criadores de todo o país.

Esses “criadores” têm a necessidade, uma vez que eles não conseguem essa reprodução em cativeiro, de legalizar essas aves capturadas na natureza utilizando-se de anilhas falsificadas. O interesse por essas anilhas falsificadas era manifestado por “criadores” de todo o país, o que fez com que a PF conseguisse detectar esses braços que se estenderam até outros estados.Está sendo investigada a participação direta de funcionários do IBAMA no crime.


Foram necessárias mais de 60 gaiolas para abrigar todas as aves. As aves apreendidas foram encaminhados ao Centro de Reabilitação de Animais Silvestres do IBAMA e vão ficar sob a guarda do instituto.

Em outra ação, no início da madrugada desta sexta-feira, a PF apreendeu em Itaguaí, no estado do Rio de Janeiro, 400 pássaros. As aves, da espécie conhecida como pichanchão (Sporophila frontalis), ameaçada de extinção, estavam acondicionados em minúsculas gaiolas, todas escondidas em mochilas, no compartimento de bagagens de um ônibus da Viação Costa Verde. O traficante Vilson dos Santos foi preso em flagrante. Segundo a polícia, ele saíra com a carga de Paraty, confessando que o destino das aves seria a feira livre do município de Caxias, na Baixada Fluminense.

Os pássaros apreendidos são nativos de Mata Atlântica e fazem parte da lista do Ministério do Meio Ambiente com mais 625 espécies da fauna e da flora brasileira ameaçadas de extinção. Entre os pássaros apreendidos havia ainda, alguns exemplares de saíra-sete-cores.

Pichanchão - Sporophila frontalis

Saíra-sete-cores - Tangara seledon

A operação foi montada depois de uma denúncia. Nos últimos quatro meses esta é a 26ª prisão de contrabandistas de animais silvestres feito pela Polícia Federal no estado do Rio.

A Feira de Caxias é o maior antro do tráfico de animais silvestres no Rio de Janeiro. Todos sabem disso. A polícia e os órgãos ambientais sabem disso há décadas. Chegou a hora de se dar fim a esse tipo de atividade combatendo no âmago do problema: a Feira de Caxias, o maior fomentador desse tipo de crime no país. É inacreditável que até os dias de hoje, os órgãos responsáveis pela fiscalização ambiental, em todos os níveis de governo, políticos e até mesmo alguns que se dizem ambientalistas aceitem esse estado de coisas em suas barbas. Erradicando esse pólo de disseminação do tráfico de animais silvestres, teríamos queda drástica nos índices desse tipo de crime no Brasil.