segunda-feira, 30 de março de 2009

Crime ambiental – Clube de pássaros interditado em Rio das Ostras


O IBAMA e a Polícia Federal interditaram nesse domingo um clube de pássaros em Rio das Ostras, na Região dos Lagos. O clube foi cercado pela Polícia e pelo IBAMA durante uma competição de canto e exposição de pássaros.

Quase 100 pássaros das espécies coleiro e trinca ferro foram apreendidas, por não terem o registro no IBAMA ou porque os proprietários não estavam com esse documento na hora da fiscalização. Foram autuadas 60 pessoas. Os donos foram multados em R$ 500 por pássaro e também foram autuados por crime ambiental, podendo pegar até 2 anos de prisão.


Alguns proprietários fugiram, abandonando 28 pássaros e gaiolas no clube que, nesse caso, através de seu presidente, Perciliano de Oliveira, passa a assumir a responsabilidade pelo material apreendido e pelos problemas que foram foram constatados pelos agentes ambientais, apesar de estar legalizado, tendo a autorização do IBAMA para funcionar.


O clube funcionava há 3 anos no bairro Nova Cidade e só abria nos finais de semana, quando chegava a receber 90 pessoas. Os pássaros apreendidos foram levados para o Centro de Triagem de Animais Silvestres do IBAMA.

Mudanças climáticas - Óleo de peixe pode suavizar flatulências de ruminantes, reduzindo o efeito estufa


Vocês devem estar pensando que é brincadeira, né? Mas poucos sabem como os ácidos graxos dos peixes servem para combater a mudança climática! É o que conclui o estudo desenvolvido por uma equipe de pesquisadores do University College de Dublin, na Irlanda. Os cientistas estudaram o efeito que exerce o óleo dos pescados nas bactérias produtoras de gás metano presentes no intestino dos ruminantes.

A inclusão de uma pequena quantidade de óleo de peixe na dieta dos bovinos, caprinos e ovinos pode contribuir para reduzir suas flatulências, uma grande fonte de gases que causam o efeito estufa. Eles garantem que a produção de metano pelos animais cai em até 25%.

A cada ano, as bactérias que vivem no aparelho digestivo de vacas, cabras e ovelhas produzem 900 bilhões de toneladas de metano (CH4), um gás poluente mais potente que o dióxido de carbono (CO2) e com grande capacidade para absorver o calor do sol e aumentar assim a temperatura do planeta.

Ração com óleo de peixe

A função dessas bactérias é ajudar ao animal a decompor os alimentos (o feno tem alto conteúdo de fibras e é de difícil digestão), em processo no qual se produz metano como resultado de diversas reações químicas.

Apesar da quantidade de metano derivada da ação do homem ser muito menor que a do gado, a ciência começou a estudar formas de reduzir as flatulências dos ruminantes e a sugerir suplementos alimentícios que o consigam.

O estudo microbiológico desenvolvido pelos pesquisadores, descobriu que espécies de bactérias são mais afetadas pelo óleo de pescados e, melhor ainda, descobriram como fazê-lo. Com apenas uma quantidade de 2% deste óleo na alimentação, alteraram de forma significativa a digestão dos ruminantes e o tipo de micróbios envolvidos. Os especialistas advertem apenas que a adição dessas gorduras, procedentes de animais, a espécies herbívoras deve ser muito pequena, já que quantidades grandes podem ser nocivas à saúde delas.

Agora você já sabe! Se você mora na área rural e/ou cria alguns desses animais, e está cansado de respirar aquele ar abafado e mau cheiroso dos currais e estábulos, ou mesmo de pastagens mal cuidadas, lembrando o Seu Creison, "seus problemas acabaram-se!!!". Para diminuir o odor dos puns de suas queridas vaquinhas, ovelhas ou cabras, consulte um veterinário para orientá-lo de como ministrar produtos que contenham o óleo de peixe em suas fórmulas associando-o à ração de seus animaizinhos! E aí é só sair pra galera! Tchau fedor! Tchau efeito estufa! Volte a respirar o ar puro e saudável dos campos e colabore para melhorar o clima do planeta!

Gestão ambiental - Ibama comemora 20 anos nesta segunda


O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) comemora seus 20 anos hoje. A cerimônia será às 15:00, no auditório do Ibama em Brasília e contará com a entrega de medalhas do mérito ambiental. O objetivo é homenagear personalidades que contribuíram para a construção de políticas e ações em defesa do meio ambiente.

O Presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), Presidente da República à época da criação do IBAMA, e o Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, participam da cerimônia.

Durante as comemorações, será aberta a exposição “20 Anos pelo Olhar do Servidor”, apresentada a campanha “Cuidar do Meio Ambiente: Todo Mundo Pode” e será lançado o filme “Vigilantes da Natureza”. Os Correios também homenageiam o IBAMA com o lançamento de selo e carimbo comemorativos.

Durante esses 20 anos, o IBAMA, mesmo com a falta de recursos e a irresponsabilidade e descaso da maioria das autoridades que por ali passaram, o sucateamento, os baixos salários de seus funcionários, a falta de aparelhamento e infraestrutura, dentre outras mazelas, graças a verdadeiros defensores do meio ambiente que fazem parte de seu quadro, vem lutando para diminuir os índices alarmantes de desmatamento, contra o abominável tráfico de animais silvestres, contra a caça ilegal, a pesca predatória e pela preservação e conservação das unidades de conservação. Nesse período, implantou importantes centros de triagem e reabilitação de animais silvestres (precisa-se de muitos outros), recuperando enormes contingentes de animais apreendidos em operações contra aqueles que ainda insistem em comercializá-los ilegalmente em maltratá-los, implantou sistema de controle sobre o transporte de madeira e, aos trancos e barrancos tenta manter alguma fiscalização nessa área, desenvolveu campanhas e programas de conscientização ambiental, dentre outras importantes ações. Mesmo remando contra a maré, conseguiu dar passos importantes em defesa da biodiversidade brasileira.

Parabéns ao IBAMA, principalmente a seus funcionários que, por amor à profissão e à causa ambiental, são os verdadeiros responsáveis pelo êxito do instituto que, como sabemos, poderia ser muito maior se tivessem o respeito e a consideração dos dirigentes do país.

Desejamos sinceramente que as autoridades enxerguem definitivamente a importância do IBAMA para preservação dos recursos naturais da nação, para a manutenção da vida de seu povo. Que essas autoridades larguem os discursos e passem às ações, estruturando adequadamente a instituição e valorizando seu corpo funcional, para que ela garanta cada vez mais a integridade do que ainda resta e a recuperação do que foi destruído de nossa biodiversidade.

domingo, 29 de março de 2009

Crime ambiental – Onça pintada é morta por atropelamento em estrada dentro do Parque Nacional do Iguaçu


Símbolo do Parque Nacional do Iguaçu, uma onça pintada foi atropelada neste sábado na BR 469, via de acesso às Cataratas do Iguaçu, no interior do parque, a 637 Km de Curitiba. A onça foi encontrada morta na beira da estrada na manhã deste sábado, 28, por funcionários da Concessionária Cataratas do Iguaçu, no quilômetro 27 da rodovia, Que avisaram os técnicos do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão gestor da unidade.

O animal era um macho, jovem, de aproximadamente 70 Kg e quase 2 m de comprimento, incluindo a cauda. De acordo com a Polícia Florestal, o atropelamento foi durante a madrugada, provavelmente por um veículo em alta velocidade. O motorista, depois de arrastar o animal para fora da estrada, fugiu sem avisar aos guardas parque do acidente. O acidente foi depois que o parque já havia fechado. Neste período da madrugada, apenas funcionários e vans e táxis de turismo, que vão para o Hotel das Cataratas têm permissão do ICMbio para trafegar dentro da unidade. A polícia está vistoriando todos os veículos que entraram no parque nessa madrugada.

A morte do animal reacendeu a polêmica sobre o plano de manejo aprovado em 2002, que já determinava, justamente para evitar acidentes como este que os únicos veículos a cruzarem os portões e circularem pelas vias internas da unidade deveriam ser os ônibus do próprio Parque Nacional. Mas esta regra nunca foi posta em prática, pois o setor de turismo do município sempre foi contra esta restrição. Porém, logo após o ocorrido, foi proibida por tempo indeterminado a entrada de veículos de turismo, táxis e vans no interior da unidade pelo portão de serviços, até que se encontre o responsável pelo atropelamento do animal. A entrada de turistas está concentrada pelo Centro de Visitantes, que só podem acessar o parque utilizando-se dos ônibus da unidade.

A onça pintada é uma espécie rara e ameaçada de extinção. O parque nacional é uma das únicas reservas naturais do sul do Brasil e, provavelmente, o único refúgio no Paraná, onde as onças podem ser encontradas em liberdade, mesmo assim, os biólogos estimam que apenas entre oito e dez onças vivam na unidade atualmente. Por isso, a perda é considerada grave. E o pior de tudo: a onça atropelada pode ser um dos últimos machos, e a perda de um macho, significa a perda de um percentual considerável de material genético reprodutivo dentro do parque. Segundo os técnicos, a perda é incalculável e para todo trabalho de pesquisa e conservação feito até hoje para se manter um banco genético viável, encontrar um animal morto é bastante chocante. O Parque Nacional do Iguaçu desempenha um importante papel nesse trabalho de pesquisa, pois serve como matriz, isto é, a onça (Panthera onça) nasce nessa região e migra para outros locais, aproveitando o corredor verde que existe tanto no parque brasileiro como no argentino. Um estudo feito pelo parque argentino detectou a presença de apenas 50 onças espalhadas pelos dois parques. A causa desse número baixo deve-se principalmente à ação de caçadores, que durante as décadas de 80 e 90 dizimaram a população de onças-pintadas.

O animal foi levado pelos os técnicos do instituto até a base de pesquisa do Poço-Preto, onde foram retiradas amostras de pêlos e peles para análise laboratorial, fotografada e feita a telemetria para observar o tamanho e peso.

De acordo com a Polícia Florestal e com a administração do parque, a pessoa que atropelou o animal terá de responder por crime ambiental e pode pegar, no fim do processo, até dois anos de prisão. Também pode receber uma multa de no mínimo R$ 5 mil.

Ciência – Cientistas gravam imagens do momento da transmissão do HIV


Usando técnicas avançadas, pesquisadores americanos registraram o momento exato da transmissão direta do vírus que causa a AIDS de células infectadas para células sadias. A imagem gravada pelos cientistas da Faculdade Monte Sinai, em Nova York, registra um dos maiores desafios da humanidade, revelando detalhes da sinapse viral, momento em que o vírus se transfere de uma célula para outra. O momento foi registrado pela primeira vez. Segundo os cientistas, entender como HIV se espalha pode ajudar a desenvolver novos tratamentos para a Aids.

O trabalho foi publicado nesta sexta-feira na Revista Science. Benjamin Chen, coautor do estudo, explica que a maior parte das pesquisas na área adota como premissa a infecção das células por vírus livres no plasma sanguíneo. Mas testes realizados in vitro mostraram que o contágio pelo contato direto entre as membranas das células, processo conhecido como sinapse viral, pode ser milhares de vezes mais eficiente para promover a infecção.


Para a realização das imagens, os pesquisadores incluíram no material genético do HIV, um gene que produz proteína fluorescente verde. Quando exposta a um feixe de laser, a substância brilha. A técnica permitiu seguir com precisão o avanço da infecção em uma cultura de células in vitro. O HIV aparece como um ponto verde na imagem. Os cientistas afirmam que os processos bioquímicos relacionados à formação das sinapses virais são alvos promissores para o desenvolvimento de vacinas e remédios.

Social - I SAID NO! No! No!


Em visita recente à África, o Papa Bento XVI declarou que o uso da camisinha não ajuda no combate à Aids. Em visita a Camarões, o Santo Padre afirmou que o uso de preservativos pode agravar o problema da Aids, chamando a doença de "uma tragédia que não pode ser combatida apenas com dinheiro ou a distribuição de preservativos, os quais podem, inclusive, aumentar o problema”. A solução, segundo Bento IX, se encontra "em um despertar espiritual e humano" e "amizade com os que sofrem". Ele defende a fidelidade e a abstinência como formas de combater a doença.

As declarações causaram espanto em alguns ativistas que dizem que o uso de preservativos é um dos únicos métodos comprovadamente eficazes de combate à doença. Para eles, a oposição do Papa aos preservativos indica que dogmas religiosos são mais importantes para ele do que as vidas dos africanos.

Na última quarta-feira, a França condenou as declarações do Papa, qualificando-as como “uma ameaça”. Segundo os franceses, enquanto não lhes cabe julgar a doutrina da Igreja, consideram que tais comentários são uma ameaça às políticas de saúde pública e a obrigação de proteger a vida humana.

Para ironizar a declaração do pontífice, foram lançados em Paris, preservativos contendo a imagem do Papa com a frase “I said no” ("Eu disse não"). As camisinhas foram fabricadas e distribuídas gratuitamente durante um protesto contra a proibição da Igreja Católica.

Estimativas apontam que cerca de 22 milhões de pessoas são infectadas com o vírus do HIV na África, ao sul do Deserto do Saara, segundo dados da ONU (Organização das Nações Unidas) de 2007. O total representa dois terços de todos os infectados do mundo. Mesmo com o grande apelo sobre as doenças sexualmente transmissíveis e pelo uso de preservativos, milhares de pessoas morrem no mundo inteiro.

Tecnologia verde – Planador Solar


Desenvolvido pelo comandante de aeronaves Eric Raymond, o planador solar Sunseeker II voará a Europa após a sua apresentação na E-VOO EXPO, entre 2 e 5 de abril próximo. A turnê será a maior viagem para o Sunseeker desde 1990, quando o seu antecessor, Sunseeker I, cruzou os Estados Unidos em 21 vôos, com 121 horas no ar.

O sonho de voar utilizando energia solar de Eric Raymond começou em 1979, quando Larry Mauro lhe mostrou seu ultraleve a energia solar, denominado Solar Riser. A estréia em 1981 de Paul Mac Cready com o seu Solar Challenger, acrescentou credibilidade ao conceito. Em 1986, Eric encontrou Gunther Rochelt na Alemanha, quando foi apresentado à família de aeronaves a pedal e energia solar. Um convite para voar nas corridas MPA de Gunther com o Musculair II, foi um momento crucial em sua carreira.

A revelação de que aeronaves racionalizadas poderiam ser construídas a preço e peso incrivelmente baixos, se os materiais e engenharia corretos fossem empregados, foi o impulso necessário que levou à construção do Sunseeker.

Eric fundou a Solar Flight e iniciou a construção de seu projeto em 1986. O progresso foi lento até 1988, até que encontrou apoio no Japão. Com a ajuda da Sanyo e diversas outras corporações, o Sunseeker foi ao vôo teste final em 1989, como um planador.

No início de 1990 vários vôos motorizados foram realizados em altitudes variáveis que permitissem a aeronave planar. O motor e o mecanismo de propulsão não foram satisfatórios, por isso a proposta de dobrar o sistema foi implementada.
Depois de longos vôos teste, uma série de vôos foi iniciada por todo o país. Durante agosto de 1990, o Sunseeker cruzou o país em 21 vôos, com 121 horas no ar.

Após a façanha, uma longa série de alterações e aperfeiçoamentos transformaram quase que completamente o avião.

O desenvolvimento do conceito de uma aeronave híbrida, que precisaria de baterias para decolar e subir, mas depois poderia manter o nível de vôo com o auxílio da energia solar, podendo atuar também como planador com propulsão ativada à distância, tomou vulto.

Em 2002 uma nova asa foi construída aumentando a superfície para as células solares, e uma nova tecnologia foi empregada para integrar à estrutura da asa a última geração de células solares, substituindo a simples colagem na superfície. O novo Sunseeker II foi construído para um melhor desempenho, incluindo além das alterações nas asas, um aumento na superfície de células solares, motores mais potentes e novas baterias de lítio-polímero. Com uma bateria pequena totalmente carregada, o tempo de vôo era de 90 minutos aproximadamente. Com o atual sistema de baterias, células solares e eletrônicos instalados em 2005, o Sunseeker II nunca foi forçado a aterrar antes do tempo.

A nova aeronave possui um único hélice, o que reduz consideravelmente as vibrações. Em 2006, foi construído um novo motor para o avião que é duas vezes mais poderoso que o do Sunseeker I. Também foi instalada uma nova e melhor cauda e um novo conjunto de controle eletrônico concebido para as baterias e painéis solares, que aumentou muito a eficiência do sistema. Como um toque final, a nova aeronave foi equipada com quatro avançadas baterias de lítio polímero abrigadas nas asas.

A hora mágica começa quando é alcançada a à base de uma nuvem. Com as baterias completamente carregadas, ou quase isso, o motor é ligado e a subida entre as nuvens inicia-se. Uma vez em cima, o piloto pode voar como uma borboleta, usando a energia solar com o sol claro e direto em brilhantes condições sobre as nuvens.

Sob a energia solar direta, o Sunseeker II é basicamente um avião viajando a uma velocidade constante de 18 m/s (40 mph). Quando as condições permitem e utilizando-se as baterias, velocidades mais rápidas são alcançadas, podendo-se chegar a 36 m/s (80 mph).


Quando finalmente os motores são desligados, a descida planando leva horas e aí os freios aéreos normalmente são necessários para descer antes do anoitecer. O Sunseeker II voa lentamente, o suficiente para manter o conforto e a estabilidade em céu aberto. Além disso, as aves não têm medo e chegam muito perto, equiparando-se à velocidade do planador, quase pousando na aeronave. Tudo isso com o poder do sol.

A nova expedição abrangerá 8 países, Alemanha, Suíça, Áustria, Hungria, Eslovênia, Itália, França e Espanha, mas ainda não tem datas e destinos turísticos definidos. Porém, a Solar Flight adianta que a primeira etapa será de Freidrichshafen, na Alemanha, a Sicília, na Itália, em seguida voltando para a Suíça. A partir daí, o Sunseeker planará ao longo dos alpes suíços, sobre as Dolomitas austríacas, cruzando a Eslovênia. Da Eslovênia, voará para o ocidente, atravessando a Itália novamente e, em seguida, voando pelo sul da França até a Espanha.

Atualmente, o Sunseeker II tem registrado mais tempo no ar do que todos os outros aviões solares tripulados juntos, e continua provando a eficiência da energia solar em aeronaves, inspirando o mundo a pensar seriamente sobre o belo futuro que podemos ter se dermos passos ousados hoje.

Biodiversidade - Estudo inédito sobre borboletas revela as riquezas da Estação Ecológica de Iquê


Um estudo realizado entre janeiro e julho do ano passado na Estação Ecológica de Iquê, em Mato Grosso, diagnosticou que a unidade é abundante em riqueza natural. O estudo integra a dissertação de mestrado da bióloga e analista ambiental do Ibama, Cibele Madalena Ribeiro Xavier, que será apresentada no Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais e Ambientais da Faculdade de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).

A conclusão é resultado de de um levantamento inédito sobre borboletas realizado na Esec, intitulado “Comunidade de borboletas frugívoras da Estação Ecológica de Iquê, Juína-MT”, destacando que, apesar de bem preservada, cuidados com a unidade são imprescindíveis para a conservação da biodiversidade e para a manutenção do ecossistema da região, uma área de mais de 200 mil hectares de transição entre o Cerrado e a Floresta Amazônica. Segundo a pesquisa, para manter a integridade ecológica do local é fundamental a elaboração e a implantação de políticas públicas a fim de que se atinja tanto uma gestão eficiente como os objetivos previstos no ato de criação da unidade. A pesquisadora pretende transformar o estudo científico em subsídio para elaboração do plano de manejo e para a construção da gestão ambiental da unidade.

Catonephele acontius

As borboletas, agentes importantes para a avaliação do grau de conservação de um ecossistema, revelaram que a unidade está ecologicamente equilibrada. Embora sejam animais resistentes a locais inóspitos, as borboletas são indicadoras de regiões em bom estado de preservação porque respondem rapidamente às alterações ambientais. Sendo assim, pode-se concluir que onde há borboletas em abundância, a natureza está praticamente intacta. Durante os seis meses de pesquisa, constatou-se uma elevada quantidade de diversidade de espécies e de indivíduos nas populações de ninfalídeos (família de insetos lepidópteros que reúne todas as borboletas diurnas ou crepusculares com as pernas anteriores muito reduzidas), bem como a permanência desses insetos por amplo período durante o ano. Nesse cenário ambientalmente estável da Esec, observou-se o comportamento desses insetos e coletou-se borboletas em vários pontos da unidade. Alguns espécimes foram sacrificados para fazer parte da coleção entomológica da Faculdade de Engenharia Florestal da UFMT.

As borboletas encontradas são típicas da região neotropical e distribuem-se desde o México até a Argentina. O número de espécies do grupo na região varia de 7.100 a 7.900 e, no Brasil, esse número varia de 3.100 a 3.280 espécies descritas. A bióloga comemora os resultados porque várias espécies das mais abundantes na Esec (38 espécies) são consideradas raras, difíceis de encontrar em qualquer época e lugar por manterem populações pequenas, sazonais e erráticas. Entre as espécies mais abundantes, a Catonephele acontius foi a que mais se destacou. Com uma mistura de banana amassada, fermentada em caldo de cana, a pesquisadora atraiu 605 borboletas frugívoras (que se alimentam de frutos) no dossel (cobertura contínua formada pelas copas das árvores) e no sub-bosque (região em que predomina vegetação típica de cerrado) da unidade.

Achaeoprepona demophon

Apesar de a coleta realizada durante o período seco e chuvoso ter revelado a existência de 54 espécies distintas, o período de transição entre a estação chuvosa e a seca foi o mais representativo por ter sido o que apresentou o maior número de captura e de recaptura das borboletas. Por ser o primeiro estudo sobre borboletas realizado na estação, a tendência é que a unidade seja procurada por outros pesquisadores para realização de estudos mais aprofundados sobre o tema.

A pesquisa sobre as borboletas atraiu cientistas para a Esec e, com isso, inaugurou um novo momento na unidade, pois a área foi abandonada pelos cientistas por mais de uma década em virtude da falta de estradas e das más condições de acesso ao local. A última pesquisa realizada na estação ecológica ocorreu em 1996 e até o ano passado ficou esquecida pela comunidade científica. Assim, quatro pesquisas foram iniciadas na unidade no ano passado, relacionadas com espécies da fauna (araras e anfíbios) e da flora regionais.

Agricultura - Pronaf muda para beneficiar mais 50 mil famílias


Um número maior de agricultores vai poder acessar a créditos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). O Conselho Monetário Nacional (CMN) ampliou o número de culturas e também a renda bruta para que mais 50 mil famílias tenham direito ao empréstimo. Agora, café, gado de corte, suinocultura, avicultura, caprinos e ovinos estão contempladas pelo programa e, além disso, a renda bruta, cujo limite era de R$ 110 mil por agricultor, passou para R$ 143 mil por ano.

Apesar das medidas, menos da metade dos agricultores consegue acessar aos créditos segundo a Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (FETRAF). Na safra 2005/2006, o Pronaf chegou a ter dois milhões de contratos, hoje tem 200 mil contratos a menos. Para a FETRAF, isto significa que os agricultores familiares um pouco mais capitalizados estão tendo acesso a mais recursos e aqueles menos capitalizados estão se distanciando do crédito. Para incluir essa faixa menos capitalizada é necessário mexer na lei do cooperativismo,
facilitando-se a agroindustialização da agricultura familiar.

Também pela segunda vez, foi ampliado o prazo para que os agricultores familiares que já fizeram a adesão compareçam aos bancos até 15 de maio, a fim de renegociarem as dívidas agrícolas. Estima-se que 50 mil agricultores ainda estão inadimplentes. Também foi ampliado o limite de crédito para comercialização que saltou de R$ 2 milhões para R$ 5 milhões e definiu-se os próximos preços mínimos da safra de inverno. A grande expectativa era com relação ao trigo. Os produtores queriam um reajuste de 25%, mas ganharam 15%.

Urbanismo – Onze mil metros de muro para conter favelas no Rio


O Morro Dona Marta, em Botafogo, é o primeiro a receber um muro para conter a expansão da favela rumo à mata. O governo estadual contratou uma empresa para o serviço que já levantou 55 dos 634 m previstos para a primeira fase do projeto.

O próximo passo será a licitação pela Empresa de Obras Públicas (EMOP) do projeto que prevê a construção de um paredão de 2.800 m de extensão que irá contornar a Rocinha. As obras para outras nove comunidades, todas na Zona Sul, serão licitadas até maio. No total, serão mais de 11 mil metros de murada em concreto para conter o surgimento de novas construções nas favelas cariocas.

O muro erguido nas comunidades terá um mesmo padrão, feito de concreto, com base em vergalhões de ferro e três metros de altura. A opção de um paredão vazado foi descartada porque o estado tinha o receio de que ele pudesse ser mais facilmente destruído. A expectativa é que, até o fim deste ano, as obras já estejam concluídas em todas as favelas contempladas.

Também está prevista a derrubada de cerca de 550 casas durante os trabalhos, cujos moradores serão indenizados ou realocados.

A expansão das favelas no Rio de Janeiro tem abocanhado pedaços cada vez maiores das áreas verdes, e os parques, que serviriam naturalmente como barreiras para impedir que duas favelas próximas se tornem um complexo, não vêm sendo poupados pelas ocupações irregulares.

O Parque Dois Irmãos, no Leblon, e o Parque da Cidade, na Gávea, são duas das áreas verdes que têm sido consumidas pelo crescimento acelerado do número de casas das favelas vizinhas. O Dois Irmãos, pela Chácara do Céu e o Parque da Cidade, pela Rocinha. Servem como exemplo da relação entre o crescimento desordenado e o abandono das áreas verdes. Moradores dessas comunidades estacionam carros nas áreas de preservação, bandidos armados circulam sem se importar com os visitantes, dentre outros problemas. O Parque da Cidade, por exemplo, está abandonado. O Parque Dois Irmãos, no Leblon, criado em 1998, não fica fora desse quadro. Na época a unidade foi entregue com um novo acesso à favela, com a justificativa que antes esse acesso era muito difícil. Aos poucos foram construindo casas para alugar e de três anos para cá a situação ficou descontrolada de vez.

Ambientalistas sugerem a junção das unidades de conservação em algumas localidades da cidade onde ainda isso seria possível, juntamente com a criação de batalhões florestais para vigiá-los, como um recurso para barrar a formação de um complexo de favelas na Zona Sul, além de proteger as poucas áreas verdes de invasões e o crescimento da favelização. Mas a situação é drástica. A maioria desses parques se encontram sem comitê gestor, comando e/ou delimitação clara de seus limites. Segundo eles, uma opção para viabilizar tal proposta é a utilização de recursos do Fecam (Fundo Estadual de Conservação Ambiental e Desenvolvimento Urbano).

Além da Rocinha e do Dona Marta, serão contornadas pelos muros do governo estadual as comunidades Benjamin Constant (Urca), Parque da Cidade (Gávea), Morro dos Cabritos e Ladeira dos Tabajaras (Copacabana), Morro da Babilônia e Chapéu Mangueira (Leme), Cantagalo (Ipanema), Pavão-Pavãozinho (Ipanema) e Vidigal (Leblon).

Quarenta por cento das favelas do Rio estão em regiões protegidas por leis ambientais por isso, um maior rigor na vigilância poderia ser usado como mecanismo de contenção dessa expansão. Se nada for feito, os grandes complexos desordenados continuarão a ser formados e a Chácara do Céu vai se juntar à Rocinha como tantas outras favelas da cidade. Uma trilha ligando uma favela à outra já existe. Será que um muro vai conseguir deter essa expansão?

Não sei se é muita “ingenuidade” do governo estadual achar que um muro de concreto não será destruído! Se não houver fiscalização do Poder Público (como nunca existiu, daí a situação catastrófica atual), tudo continuará sendo destruído, de concreto ou de qualquer outra coisa. Não só a questão da fiscalização ambiental e aparelhamento das unidades de conservação devem ser levadas a sério, mas também a de segurança pública. Sabe-se que é de grande interesse da criminalidade que essas comunidades se juntem, formando complexos cada vez maiores e mais difíceis de ser acessados ou patrulhados. Para os marginais, quanto mais complicado ficar para dar segurança nesses locais, melhor. Com isso, esses grupos armados continuariam a subjugar os moradores, agindo cada vez mais livremente.

Ecomoda – Colares vivos


O conceito da arte viva faz parte da vida profissional da artista Paula Hayes, nascida em Concord, Massachusetts, terra do incrível Henry David Thoreau, escritor da famosa obra “Walden ou a Vida Nos Bosques”, certamente o precursor da desobediência civil e da consciência ecológica, que inspirou e ainda inspira muitos a refletirem sobre a forma de como viver e se integrar à natureza.

Paula Hayes teve sua formação em Belas Artes e atua em Nova York como escultora, pintora e paisagista. Com o seu trabalho caracterizado pelo conceito da mídia orgânica, já famosa pelos seus terrariuns e projetos paisagísticos, desenvolveu recentemente uma linha especial de “colares vivos”, não deixando o mundo fashion fora de seus empreendimentos verdes.

Acoplou vários pequenos vasos de plantas confeccionados em crochê de fio macio, formando um colar pronto para destacar o ambientalista que existe em você. Nos vasos, ela utiliza plantas epífitas, espécies muito comuns da família das bromélias, que se utilizam de pedras e galhos de árvores como apoio para se desenvolverem na natureza.

O efeito é naturalmente suave e genial.

Política - Ministério da Pesca e Aquicultura é aprovado na Câmara


Depois de mais de um mês de impasse, o Projeto de Lei 3960/08, que cria o Ministério da Pesca e Aqüicultura, foi aprovado na última quarta-feira na Comissão Especial da Câmara dos Deputados. A matéria tramitava em caráter conclusivo e segue agora direto para revisão no Senado.

O relator, Deputado Federal José Airton Cirilo, fez profundas modificações no projeto original do Executivo. A principal mudança no novo texto é a predominância do novo ministério sobre a pasta de Meio Ambiente no exercício da competência compartilhada para regulamentar e fiscalizar o uso sustentável dos recursos pesqueiros. Com o apoio de organizações de pescadores e de empresas pesqueiras, os integrantes do futuro ministério, hoje na Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca, não aceitavam que essa competência, hoje privativa do Ministério do Meio Ambiente, fosse exercida pelas duas pastas de maneira conjunta, como previa o projeto original encaminhado pelo governo. Tanto os pescadores, atrás das confederações e federações, e sobretudo o setor empresarial organizado tiveram participação muito grande de embate contra a questão ambiental, motivados por supostos excessos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), órgão do Ministério Meio Ambiente encarregado de fiscalizar o uso sustentável dos recursos naturais, inclusive os aquáticos.

Segundo pescadores, o Ibama promove, de uma forma muito agressiva, muito desrespeitosa, inclusive, medidas fiscalizatórias, que têm criado profundos constrangimentos ao setor pesqueiro no País. Setores do Ibama atuam intimidando, amedrontando e ameaçando os pescadores e empresas do setor, o que gerou uma revolta muito grande no setor.

Na versão final do projeto, que recebeu emendas do relator para conformá-lo aos termos do acordo das partes em conflito, a regulamentação e a fiscalização ambiental no âmbito pesqueiro será, sim, atribuição compartilhada entre o Ministério do Meio Ambiente e o da Pesca, mas a este último caberá coordenar as ações.

O zoneamento ecológico-econômico (ZEE) das áreas pesqueiras foi mantido sob responsabilidade comum dos ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; da Integração Nacional; e da Pesca e Aquicultura. Pela legislação em vigor, a prerrogativa hoje cabe apenas ao Ministério do Meio Ambiente.

A nova proposta também desdobrou o dispositivo que delimitava as atividades pesqueiras que ficariam sob a supervisão do novo ministério, originalmente apenas a pesca comercial e a artesanal, para incluir a pesca de espécimes ornamentais, a pesca de subsistência e a pesca amadora ou desportiva. O novo texto explicitou que a pesca comercial engloba a industrial e a artesanal. Por outro lado, foi aprovado a criação de centros especializados para a pesquisa de aquicultura e pesca pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

Já definida desde o mês passado, a segunda mudança expressiva tratou da exclusão do texto de todos os dispositivos estranhos ao Ministério da Pesca, como a criação de cargos para o Banco Central e para os ministérios da Fazenda e da Integração Nacional, e a ampliação das competências da Agência Nacional de Águas (ANA), exceto aqueles que se referiam à reestruturação da Secretaria Especial dos Direitos Humanos (SEDH), ligada à Presidência da República. A bancada da oposição não aceitava a contemplação dessas matérias. O conteúdo que foi extraído do projeto vai tramitar à parte, em uma ou mais proposições independentes. O projeto aprovado exclui da estrutura da SEDH o Conselho Nacional de Promoção do Direito Humano à Alimentação, mas insere na secretaria o Departamento de Ouvidoria Nacional e uma quarta sub-secretaria, que não é definida no projeto, mas deve cuidar dos direitos da pessoa com deficiência.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Fauna – Baleias azuis em imagens inéditas


O documentário “O Reino da Baleia Azul”, filmado pelos pesquisadores da ONG americana Cascadia Research em águas da Costa Rica, será exibido neste sábado (28), às 22:00, no canal de TV por assinatura Nat Geo. O documentário relata fantásticas descobertas, mostrando cenas submarinas inéditas das baleias azuis com destaque para um filhote, cujas cenas, acreditam os cientistas, poderão ajudar na proteção da espécie, que está ameaçada de extinção.

O filme ainda fornece indícios do porque estes animais se tornaram uma das espécies mais ameaçadas do planeta. Mostra que atualmente nossos oceanos são mais transitados e mais barulhentos, e os recursos dos quais as baleias dependem estão desaparecendo. Embora a caça da baleia azul seja ilegal, outro perigo está à solta: os gigantescos navios de carga.

A baleia-azul (Balaenoptera musculus) é o maior animal vivo da Terra e provavelmente o maior ser vivo de todos os tempos, mais avantajado que os dinossauros, podendo chegar a 33 m de comprimento e mais de 200 toneladas de peso, o correspondente ao peso de 25 elefantes asiáticos. As fêmeas da baleia-azul são maiores do que os machos. Suas nadadeiras laterais alcançam 5 m de comprimento cada uma e a caudal, 7 m. A sua nadadeira dorsal serve como órgão de equilíbrio e direção e a nadadeira caudal funciona como órgão de propulsão, estando disposta horizontalmente e executando movimentos de cima para baixo, podendo alcançar uma velocidade de 30 Km/h. Este tamanho descomunal só foi possível de alcançar por viverem exclusivamente no meio aquático, o que ajuda a sustentar o grande peso dos seus corpos. Esse peso seria demasiado para ser suportado pelos seus ossos, caso vivesse em terra.


É também o animal mais ruidoso do mundo. Emitem sons de baixa frequência que atingem os 188 decibéis, mais fortes que o som de um avião a jato, podendo ser ouvidos a mais de 800 Km de distância. Esses sons são utilizados pra comunicarem-se, já que visão e o olfato são limitados.

O corpo é comprido, esguio e hidrodinâmico, com cabeça pontiaguda. A coloração é cinza, com manchas pálidas, cuja disposição é um caráter distintivo de cada indivíduo, como as impressões digitais dos seres humanos. A tonalidade azul aparece quando está submersa e o dia é ensolarado.

Se alimenta preferencialmente de krill (minúsculo crustáceo parecido com o camarão - Meganyctiphanes norvegica - vive no norte do Oceano Atlântico e é conhecido como krill do norte; Euphausia superba - vive nas águas do Oceano Antártico, sendo conhecido como krill antártico), o qual pode consumir até 8.000 kg num dia, mas também pode se alimentar de pequenos peixes e lulas. Como outras baleias, usam lâminas córneas na sua cavidade bucal para filtrar seu alimento da água do mar.

Krill antártico (Euphausia superba)

Cardume de krill

Costuma ser um animal muito dócil. É uma espécie cosmopolita, ocorrendo em todos os oceanos, de características migratória. Migram normalmente no inverno para locais com água que tenham baixas latitudes, na primavera vão em direção aos pólos e no verão é quando se alimentam em águas de alta latitude. Vivem em grupos de dois a três indivíduos. São de uma inteligência incrível e de uma sensibilidade enorme apesar de seu tamanho assustador.

Os mergulhos da baleia-azul costumam durar de 3 a 10 minutos, por isso sobe periodicamente à superfície para respirar, pois não aguentam ficar submersas por mais de 30 minutos. Sendo assim, não dormem profundamente, tiram apenas alguns cochilos rápidos freqüentemente flutuando perto da superfície dos oceanos, já que e se dormissem profundamente poderiam perder o ar dos pulmões e, por incrível que pareça, poderiam se afogar. Nos mergulhos mais longos, o animal pode atingir uma profundidade de até 200 m. O pulmão pode conter aproximadamente 5.000 litros de ar. O orifício respiratório em cima da cabeça é bem visível e quando sobe à superfície para respirar, pode produzir jatos de água de até 9 m de altura.


A maturidade sexual é atingida por volta dos 10 anos de idade, ou quando os machos têm em média 22 m e as fêmeas 24 m. A gestação dura de 11 a12 meses, dando a luz a apenas um filhote, que nasce com cerca de 7 m e 2.500 kg de peso. Por ser um mamífero, respira por pulmões, tem sangue quente e amamenta seu filhote com leite através de suas glândulas mamárias. Os bebês consomem até 380 litros de leite por dia e são amamentados por um período de sete meses, quando atingem quase 13 m de comprimento e 10 toneladas, tornando-se independentes.

Imagens do documentário "O Reino da Baleia Azul"

A espécie foi muito caçada por sua carne, gordura, óleo e barbatanas, o que a levou quase a extinção. Apenas uma baleia pode render de 70 a 80 barris de óleo, além disso, seus ossos têm grande importância econômica. São 60 toneladas de músculos e 30 de gordura. Os filhotes são presas de tubarões e orcas. Em 1904, começou a ser capturada na Antártica e em cerca de 30 anos, os caçadores acabaram com a população de baleias-azuis na região. Só em 1930, foram capturados 30 mil animais. Em 1966, após a caça de mais de um milhão de baleias-azuis, o animal recebeu proteção no mundo inteiro. Acredita-se que havia cerca de 250 mil representantes da espécie no hemisfério sul antes do período exploratório. Hoje, não há mais que 1.500. Hoje em dia, é raro vê-las nos mares gelados da Antártica. Apesar de o número de representantes da espécie estar aumentando no hemisfério norte, dificilmente chegará perto do que se verificou no passado, até porque o krill, seu principal alimento, vem sendo capturado pelo homem e é também disputado por outros animais, como baleias, focas, peixes, pingüins e outras aves. No Brasil, a baleia-azul é muito rara. Durante 75 anos de caça no litoral brasileiro, apenas quatro foram capturadas e poucas mais foram vistas. O mais recente registro da espécie em nossas águas foi o de uma fêmea de 23 m que encalhou no Chuí, RS. O esqueleto dela está no Museu Oceanográfico da Universidade de Rio Grande, também localizado no Rio Grande do Sul.

Esqueleto de baleia azul com 25 m de comprimento
na entrada do Museu Oceanográfico de Rio Grande, RS


Não há informações sobre a longevidade da espécie e, mesmo com a caça proibida, a baleia azul é a única espécie de baleia considerada em risco iminente de extinção pela União Internacional de Conservação da Natureza.

Conservação - Genoma pode salvar os diabos da Tasmânia


As esperanças de salvar os diabos da Tasmânia (Sarcophilus harrisii) da extinção aumentaram nos últimos dias. Pesquisadores australianos acreditam que o sequenciamento dos genomas da espécie ajude a combater a doença do tumor facial (Devil Facial Tumor Disease – DFTD), um misterioso tipo de câncer que já dizimou metade da população da espécie na região leste da Tasmânia, ilha australiana da qual o animal virou um símbolo.

Os cientistas dizem ter encontrado uma "assinatura" genética de resistência à doença fatal. Eles querem que os engenheiros florestais usem o mapeamento de genes para identificar os diabos da Tasmânia que possuem a assinatura de resistência e os acasalar durante a estação de acasalamento deste ano, que iniciou agora e terminará em julho. Para Vanessa Hayes, do Instituto do Câncer Infantil da Austrália, em Sydney, seria ótimo se os dados gerados na pesquisa fossem usados no ciclo de acasalamento deste ano. Mas cientistas da Associação Regional de Parques Zoológicos e Aquários da Austrália (ARAZPA), que gerencia o programa de reprodução em cativeiro dos diabos da Tasmânia, dizem que pode ser cedo demais para usar o mapeamento genético. Segundo Paul Andrew, da ARAZPA, ainda não está totalmente claro que exista uma forma prática de usar a informação.

O projeto genoma dos diabos da Tasmânia teve início a 15 meses atrás, por Hayes, juntamente com Stephan Schuster e Webb Miller, da Universidade Estadual da Pensilvânia. Schuster já seqüenciou antes o genoma de animais extintos, como o mamute lanoso, usando uma entre diversas tecnologias que permitem aos cientistas estudar as seqüências genômicas em velocidades cada vez mais rápidas e a custos mais baixos. Porém, essas tecnologias ainda não tiveram muito efeito na conservação da fauna selvagem, porque ficaram focadas na medicina, agricultura e ciência básica.

A doença do tumor facial dos diabos da Tasmânia, identificada em 1999, é um câncer contagioso, que causa desfiguramento, passando de animal para animal através da mordida. Na face do marsupial, nascem tumores em torno da boca que aumentam de tamanho, fazendo com que o animal, passados cerca de seis meses, não consiga mais comer ou enxergar, e acaba morrendo de fome. Os demônios parecem ser vulneráveis a esse câncer porque são muito similares geneticamente uns aos outros, e às células cancerosas. Isso significa que o sistema imunológico da maior parte dos animais não reconhece as células cancerosas como estranhas, e por isso falha em destruí-las. Os cientistas procuram pela cura, mas não descobriram o que causa a doença. Por enquanto, por ser uma doença contagiosa e pela epidemia ter atingido proporções catastróficas, os conservacionistas vêm tomando medidas extremas, como matar os animais que apresentem os estágios iniciais da doença, para evitar o contágio, e criar áreas fechadas com populações saudáveis nas ilhas ao largo da Tasmânia, de forma a permitir a reintrodução, no caso da espécie ser erradicada da ilha principal no futuro próximo. Cerca de 65% da Tasmânia já foi afetada e em algumas áreas da ilha, 83% desses marsupiais estão infectados.

Apesar disso, alguns animais conseguem lutar contra o câncer, e a Fundação Gordon e Betty Moore, de Palo Alto, Califórnia, disponibilizou aos cientistas US$ 1 milhão para tentar entender a razão disso, seqüenciando os genomas de dois espécimes: Cedric (foto abaixo), que resistiu ao câncer até ser propositalmente infectado com uma linhagem específica, é o primeiro diabo da Tasmânia a mostrar qualquer imunidade à doença, e Spirit, que morreu da doença.

Os cientistas seqüenciaram cerca de um terço do código genético de cada um. Então, eles catalogaram os locais onde Cedric e Spirit se diferenciavam em "letras" específicas de DNA, chamadas de polimorfismos de base única (SNPs, na sigla em inglês). Depois, mapearam esses SNPs no genoma de outros 80 diabos da Tasmânia. Daí, descobriram que um subgrupo de SNPs podia ser diferente em animais da Tasmânia ocidental, que parecem ser mais resistentes ao câncer, e em animais da vulnerável população oriental. Cedric foi capturado no oeste da ilha. O mapeamento também identificou os animais mais parecidos com Cedric ou Spirit. Os cientistas acreditam que os marsupiais que compartilham das características genéticas de Cedric também possam ser imunes ao câncer ou capazes de reagir a uma vacina. Se não houver um avanço real, os especialistas temem que a espécie possa estar extinta dentro de 20 anos.

Agora, eles esperam que a ARAZPA permita o mapeamento de gene nos 170 diabos da Tasmânia em cativeiro, pois afirmam que os mapeamentos poderiam ajudar a associação a decidir quais animais são mais propensos a resistir ao tumor facial e, portanto, são os melhores para se reproduzir. A equipe já mapeou os genomas de diabos da Tasmânia em um dos parques do programa de reprodução em cativeiro, o Australian Reptile Park, em New South Wales, onde identificaram três machos com perfil genético, ou genótipo, muito compatível com o de Cedric. Assim, sugerem a tentativa de acasalar esses animais com o máximo de fêmeas possível.

A ARAZPA está estudando o pedido de Hayes de mapear todos os animais no programa de reprodução. A organização utiliza um programa estatístico que junta os casais combinando animais sem parentesco para preservar a diversidade genética. Para eles, escolher animais com marcadores genéticos específicos poderia na verdade diminuir a diversidade genética total. Para a ARAZPA, tem que se ter muito cuidado ao reter os genes de apenas um animal, o que poderia ocasionar a perda da variação genética, levando os animais a adquirirem outro câncer dentro de poucos anos, por exemplo. Outros cientistas também são receptivos a mais estudos, observando que Hayes e seus colegas não sabem se seus dados localizam os genes que realmente aumentam a resistência ao câncer.

Para os defensores, o projeto continua a acrescentar mais informação sobre os genomas de Cedric e Spirit, e essa informação certamente descobrirá os genes mais importantes, pois segundo eles, não há como não encontrarem os genes importantes, já que todos os genes serão sequenciados. A equipe de Hayes já argumenta que seus dados podem oferecer informação crucial, que poderá ajudar a salvar uma espécie ameaçada de extinção se for incorporada ao atual programa de reprodução dos diabos da Tasmânia.

A pesquisadora Vanessa Hayes analisa um
diabo da Tasmânia juntamente com o
pesquisador Stephan Schuster,
da Universidade Estadual da Pensilvânia


O diabo da Tasmânia é o maior marsupial carnívoro do planeta, depois que o tigre-da-tasmânia foi extinto em meados do século 20, pelos seres humanos. A espécie foi extinta do continente australiano. Por isso, para ver um desses marsupiais, em estado selvagem é preciso ir até a Tasmânia, o único lugar onde ele ainda sobrevive. A Tasmânia é um estado da Austrália, localizado em uma grande ilha ao sul de Melbourne. Por alguma razão, esse não é o lugar preferido dos australianos que residem no continente. Por isso, a proporção de pessoas que vão à Tasmânia e têm contato com o bichinho é pequena.

A área amarela registra a presença da DFTD
Dezembro de 2008


A espécie foi descrita pela primeira vez em 1807 pelo naturalista George Harris, que a classificou no gênero Didelphis. Richard Owen reviu a classificação em 1838, incluindo o diabo no gênero Dasyurus. Finalmente em 1841 foi-lhe atribuído um gênero próprio, Sarcophilus.


Acredita-se que, no continente australiano, o diabo da Tasmânia tenha sido extinto pelo dingo (Canis lupus dingo), subespécie do lobo, foi introduzida na região continental da atual Austrália por navegadores austronésios, há cerca de 3 mil anos, bem antes da colonização européia.

De aparência robusta, possui pelagem de cor castanha escura a negra exceto na zona do peito onde tem uma mancha branca. A cabeça é relativamente grande, com orelhas arredondadas e nariz afilado. Habitam todas as regiões da ilha com preferência pelas florestas. O porte do animal varia conforme sua alimentação, idade, saúde e condições do habitat. O tamanho máximo registrado é de 80 cm de comprimento e 30 cm de altura, dos ombros até as patas. A cauda atinge 30 cm. As fêmeas são normalmente maiores que os machos. O peso de um macho adulto pode chegar a 12 kg. Mas não é o tamanho que assusta os seres humanos, pois seu porte é comparável ao de um pequeno cão. Sua boca, dotada de poderosas mandíbulas, com uma abertura impressionante e dentes molares especialmente adaptados que permitem ao diabo esmagar ossos, é que mete medo, pois facilmente dá a impressão de ser extremamente feroz. Sem falar das vocalizações definidas como “fantasmagóricas”, desse animal de hábito noturno. Por causa dessas características “assustadoras”, impressionou os primeiros colonizadores europeus que deram ao pequeno marsupial o ingrato nome de diabo. Contudo, ele possui temperamento tímido e se esconde dos seres humanos. Porém, quando encontram outros membros da sua espécie em torno de carcaças, tornam-se extremamente agressivos e envolvem-se em lutas que deixam cicatrizes profundas com frequência. As lutas são acompanhadas das barulhentas vocalizações como grunhidos, guinchos e latidos.

As fêmeas atingem a maturidade sexual aos dois anos. A época de reprodução realiza-se anualmente em março e resulta em ninhadas de 2 ou 3 crias que nascem em abril, ao fim de 21 dias de gestação. Como na maior parte dos marsupiais, o resto do desenvolvimento dos juvenis faz-se no interior do marsúpio (a bolsa), neste caso, durante os quatro meses seguintes. As crias saem pela primeira vez em agosto-setembro e tornam-se independentes em dezembro.


Com a extinção do tigre da Tasmânia, o diabo tornou-se o predador de topo da cadeia alimentar no seu ecossistema, mas os juvenis podem ser caçados por águias, corujas e quolls. Contam sobretudo com a visão, o olfato e os bigodes para localizar o alimento. O diabo da Tasmânia alimenta-se de pequenas aves, répteis, mamíferos, anfíbios, insetos e até mesmo frutas, entretanto, prefere carniça de animais maiores, como o canguru, e nada desperdiçam, engolindo até pele e pedaços de ossos. Estes animais têm um impacto positivo no seu habitat no controle de espécies introduzidas de lagomorfos e roedores e na remoção de carcaças em decomposição.

No passado foi caçado e envenenado pelos pelos colonizadores pela sua carne, que os colonos diziam ter sabor a vitela, e porque achavam erroneamente que esses animais causavam estragos ao rebanho. A verdade é que existem raras ocorrências de ataques a filhotes de ovelhas e animais de rebanho. Os registros mostram que apenas os bichos doentes são presas ocasionais do diabo da Tasmânia. Ele ajuda a manter a saúde do rebanho, pois alimenta-se das carcaças dos animais que morrem e, ainda, tira, de forma inofensiva para as ovelhas vivas, as larvas de parasitas que se instalam em suas costas. Apresentam longevidade aproximada de 8 anos.

Cada vez mais aumenta o número de pessoas e organizações que se sensibilizam pela causa e procuram ajudar. A produtora Warner Brothers, por exemplo, convocou Pernalonga, Patolino e os outros personagens de seus desenhos animados, o Looney Tunes, para salvar o diabo da Tasmânia. Lançou na Austrália DVDs, com 11 novos títulos. Parte do lucro obtido com as vendas foi destinada à campanha na ilha da Tasmânia para garantir o futuro do que seu maior símbolo. A missão de resgate, é claro, inclui Taz, o diabo da Tasmânia que faz parte da série de desenhos da empresa. Os DVDs contêm informações sobre o tumor facial que afeta a espécie.

A espécie foi protegida em 1941 e a partir daí a população recuperou-se. Agora lutam para sobreviver à maldita doença que poderá causar sua extinção.