terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Meio ambiente – A verdade sobre as bromélias e a dengue


É tanta besteira que se ouve falar por muitos que deveriam estar informando mas insistem em continuar desinformando diariamente a população, que resolvemos escrever alguma coisa relacionada a um dos temas que mais chamam a atenção ultimamente, com toda a razão: a dengue. E dentre as besteiras que ouvimos todos os dias, uma das mais absurdas é de que as bromélias são verdadeiras propagadoras do mosquito Aedes aegypti. Coitadas das bromélias! Face o avanço da dengue, se tornaram alvo de suspeitas como possíveis focos do mosquito Aedes aegypti, transmissor da moléstia. Baseando-se nas orientações colocadas à disposição da população no site da Sociedade Brasileira de Bromélias – SBBr, visando colaborar no esclarecimento da população sobre a veracidade das informações veiculadas na mídia sobre o tema, procuramos contribuir na divulgação da verdade para que não mais uma injustiça seja cometida com a natureza e danos maiores venham a acontecer. A Sociedade Brasileira de Bromélias - SBBr - é uma entidade civil, sem fins lucrativos, que reúne estudiosos, cientistas, admiradores, colecionadores e produtores de bromélias do Brasil (nativas) e de outros países (exóticas).

O tanque que algumas bromélias desenvolvem no imbricamento de suas folhas NÃO É UMA POÇA D'ÁGUA. Ela é SIM, UM POÇO DE VIDA. A diferença é que uma poça d'água (pratinhos, pneus, garrafas e plásticos), ainda que possa abrigar OCASIONALMENTE algumas formas de vida, é uma água parada, um ambiente inerte. Difere completamente do tanque da bromélia, que é uma estrutura vital da planta e assim como os intestinos dos animais, abriga MUITAS formas de vida, das quais ela depende para se nutrir e sobreviver.

A poça d’água é formada pelo armazenamento ao acaso. A água da chuva passa a ser rapidamente colonizada pelos organismos menos especializados. Em ecologia, chama-se isso EUTROFICAÇÃO. A partir de alguns poucos nutrientes, surgem determinadas algas e bactérias (POUCAS ESPÉCIES, ALGUMA QUANTIDADE). Em poucos dias, aparecem as larvas dos mosquitos, entre eles, o Aedes aegypti. Essa fase dura pouco. A água se turvará, se não chover, ou secará.

As bromélias tanque-dependentes começam a guardar água antes de seu primeiro ano de vida. Essa água, protegida pelo ambiente das folhas, se transforma num pequeno mas rico ecossistema em muito pouco tempo. POUCA ÁGUA SE EVAPORA DAÍ, MUITA É CONTINUAMENTE ABSORVIDA PELA PLANTA, suprindo-a com nutrientes e evaporando pela superfície da folha. A sucessão de formas de vida é muito intensa e o resultado é uma CALDA repleta de organismos (MUITAS ESPÉCIES, GRANDE QUANTIDADE) que competem entre si, numa cruenta interdependência ecológica.

Muitos colecionadores ficaram
alvoroçados com a ameaça do dengue e passaram a monitorar de forma obsessiva suas plantas. O resultado foi surpreendente: PRATICAMENTE NÃO FORAM ENCONTRADAS LARVAS DE AEDES AEGYPTI. Mesmo aqueles que não aplicavam inseticidas, não encontravam larvas do Aedes aegypti em suas plantas. Coleções grandes e, especialmente aquelas situadas próximo às florestas, não acusavam a presença do mosquito e, quando eram encontradas larvas, pertenciam a mosquitos dos gêneros Culex e Anopheles, nativos de nossa fauna.

Habitado por um vigoroso pool de formas nativas de vida e sujeito à constante substituição biológica de suas águas, O POÇO DE VIDA DAS BROMÉLIAS NÃO É CRIADOURO ADEQUADO PARA O AEDES AEGYPTI, UM MOSQUITO EXÓTICO. A água parada das poças (pratinhos, pneus, vidros e garrafas), com ecologia mais pobre, é o local ideal para a proliferação do mosquito do dengue.

AS BROMÉLIAS NÃO SÃO CRIADOUROS PREFERENCIAIS DO
AEDES AEGYPTI. À mercê de um enorme descuido das autoridades de saúde, a ordem agora é enfrentar o mosquito e não deixar que as bromélias sejam estigmatizadas e transformadas em bodes expiatórios. Nesses últimos tempos em que a dengue fugiu ao controle, haja visto a última epidemia ocorrida no ano passado na cidade do Rio de Janeiro, ninguém deve correr riscos. Preconiza-se hoje o sexo seguro, sempre com a camisinha, para se evitar a escalada da AIDS, mas não se condena o amor. Pois com as plantas é da mesma forma: vamos continuar tendo nossas bromélias, como é de direito de todos, mas sempre com a máxima responsabilidade.

Mesmo sabendo que a bromélia não é uma das responsáveis pela proliferação do mosquito, a SBBr em cooperação com a Comlurb, orienta a população para soluções simples e eficientes que devem ser tomadas por aqueles qu
e admiram uma das maiores maravilhas da natureza: a bromélia. Veja a seguir, o que você pode fazer para cuidar de suas bromélias:

Para pessoas que possuem poucas plantas em casa ou no apartamento:

- Deverão ter sua água trocada pelo menos duas ou três vezes por semana. A água deverá ser entornada sobre a terra ou longe dos ralos;

- Regar as plantas com uma calda de fumo (fumo de rolo ou de cigarro colocado em dois litros d'água de um dia par
a outro ou fervido) ou com solução de água sanitária (uma colher de chá de sanitária para um litro d'água) duas vezes por semana;

- Também recomenda-se a aspersão de todo o ambiente onde estão as plantas com inseticida aerosol piretróide, com propelente à base de água (evitar aqueles com querosene) duas vezes por semana;

- Se possível, utilize todas essas medidas em conjunto para segurança total.

Para bromélias plantadas no chão, em residências ou condomínios, recomenda-se o inseticida ecológico rural, da Natural Camp (Tel: 0800-161131 - testado e aprovado pela Comlurb) que deve ser pulverizado uma vez por semana. Não há perigo para animais domésticos ou para o homem.

Para acabarmos com o mosquito, o controle deverá ser permanente, quebrando o ciclo do mosquito. Os ovos do Aedes aegypti ficam viáveis por até 400 dias e, com isso, se não houver atenção até o ano seguinte, ele retornará ainda pior em todos os focos conhecidos. O combate a esses focos é possível e não obriga a destruição de plantas de qualquer natureza. A legislação ambiental protege as bromélias da natureza pois reconhece a sua importância nos ecossistemas. É crime ambiental, inafiançável, extrair ou destruir bromélias dos ambientes naturais!

É bom lembrar ainda que a proliferação descontrolada de determinadas espécies (quando são consideradas “pragas”), nada mais é do que um desequilíbrio ecológico, na maioria das vezes, causado pelo homem. O que vemos normalmente, principalmente nas áreas urbanas, é cada vez mais a diminuição das áreas verdes, com o corte de árvores indiscriminado (muitas vezes com a conivência do Poder Público), a captura de animais silvestres (principalmente pássaros e micos que se alimentam de mosquitos ajudando a equilibrar suas populações), e o uso indiscriminado de agrotóxicos, como o famoso e sempre requisitado pelos mais desinformados, “fumacê”, que comprovadamente não contribui em nada para a diminuição da população de Aedes aegypti, mas sim para diminuir a população de outras espécies concorrentes desse mosquito. O homem precisa aprender a respeitar a natureza. Precisa parar de destruir. Para não destruir, precisa aprender a consumir, precisa aprender a não ser ganancioso. Chega de destruição. Chega de crescimento descontrolado.

Ninguém precisa desfazer-se de suas bromélias. Elas são fonte de beleza, de equilíbrio, de racionalidade, e a natureza certamente agradecerá.

Diferenças entre CULEX e AEDES:

CULEX


- Faz barulho;
- Inseto de hábito noturno. Pica à noite. As fêmeas precisam de sangue para se alimentar e também formar seus ovos. Permanecem em repouso durante o dia e começam sua atividade ao entardecer. Os machos se alimentam de plantas;
- Fêmea coloca os ovos em água parada e suja;
- Criadouros: remansos de córregos, rios, recipientes, água suja, piscinas não tratadas;
- É um mosquito pequeno que tem cor de palha podendo apresentar algumas manchas brancas nas pernas. Suas asas não possuem manchas e o seu dorso é pardo-escuro com escamas amarelas;
- Não é considerado vetor de microorganism
o patogênico, porém algumas pessoas podem apresentar sintomas alérgicos no local das picadas.

AEDES

- É silencioso;
- Inseto de hábito diurno. Pica durante o dia. Os machos nutrem-se de seiva de plantas e as fêmeas, assim como o Culex, também se alimentam de sangue. A postura dos ovos ocorre geralmente na parede dos recipientes com água limpa e sombreada, próximo à linha d'água. Estes ovos podem permanecer viáveis por vários meses até um ano;
- Somente a fêmea é hematófaga;
- Pode transmitir doenças como Dengu e Febre Amarela;
- Criadouros: latas, pneus, pratos de vasos, caixas d'água, garrafas, plantas aquáticas etc;
- O mosquito adulto tem coloração escura, com anéis brancos nas pernas e manchas prateadas nas laterais do abdômen. Na parte superior do tórax e na cabeça existem algumas manchas brancas que os diferenciam das demais espécies.