
Antecessor deixa emboscada para prefeito eleito na Bahia: uma cobra-coral venenosa pronta para dar o bote
Alguns prefeitos baianos que acabam de assumir o mandato, geralmente substituindo um adversário político, têm encontrado, além de cofres vazios, dívidas e máquina pública sucateada, surpresas insólitas. Foi o caso de José Raimundo Laudano Santos (PMDB), prefeito de Almadina, Sul do estado. Ele achou na sala de trabalho uma cobra-coral venenosa. Estava à espreita para o bote bem embaixo da cadeira do prefeito. O bicho foi morto por alguns assessores que foram à prefeitura checar as condições do local. O caso alimentou a velha maldição do folclórico ex-governador Otávio Mangabeira segundo a qual "pense num absurdo, a Bahia tem um precedente".
Logo que li, achei que alguma coisa estava errada, pois desde menino (sempre me interessei por história natural, ecologia, etc.), depois na universidade e na minha vida profissional de quase 30 anos (sou Engenheiro Florestal), sempre soube através dos livros, de experientes professores e cientistas, como também pela minha própria e pequena experiência, que a cobra coral verdadeira não dá bote. De qualquer forma, fui procurar confirmar a informação, numa busca rápida (30 segundos no máximo) na internet, no site daquela que é uma das mais renomadas, senão a mais renomada, instituição de pesquisa sobre o assunto, o Instituto Butantã. Confirmando meus parcos conhecimentos, encontrei a seguinte informação: “As corais verdadeiras não dão bote e normalmente se abrigam debaixo de troncos de árvores, folhas ou outros locais úmidos em todas as regiões do país”.

verdadeira somente morde (veja bem, morde. Não dá bote ou se coloca em posição de ataque como a maioria das serpentes peçonhentas) quando se sente ameaçada, e isso ocorre normalmente quando o incauto está desprotegido e coloca a mão ou pisa em alguma toca ou fenda na natureza que sirva de abrigo ao animal. De outra forma, é muito difícil imaginar-se um ataque por essa espécie. Por isso, mais uma vez, cuidado com as manchetes de jornais, porque ao invés de informarem poderão estar desinformando. Aliás, o que a gente mais vê ultimamente na ânsia de dar um “furo de reportagem” ou mesmo no desespero para vender notícias.
Agora, se o fato de um antecessor armar uma emboscada com uma cobra venenosa como a coral verdadeira para o novo prefeito se confirmar, o IBAMA os ambientalistas e estudiosos da área terão que começar a ficar preocupados, pois se a moda pega, a espécie será extinta rapidamente no país.