quarta-feira, 17 de junho de 2009

Biodiversidade – Novas espécies descobertas nos Andes


Pesquisadores da Conservação Internacional e da Fundação Arcoiris e da Pontifícia Universidade Católica do Equador retornaram de uma expedição nas florestas da Cordilheira do Condor no sudeste do Equador, uma área de grande importância biológica, ecológica e social, próxima à fronteira com o Peru, com uma lista impressionante de possíveis novas espécies. No total, foram descobertos quatro anfíbios, um réptil e sete insetos, incluindo uma salamandra de olhos esbugalhados e um minúsculo e venenoso sapinho-ponta-de-flecha do gênero Dendrobates. Além das novas espécies, que devem ser descritas em breve, foram encontrados animais raríssimos e ameaçados de extinção, embora já conhecidos, como uma perereca-de-vidro, cuja pele transparente deixa entrever todos os seus órgãos,e uma população saudável de sapos arlequins do gênero Atelopus que antes haviam sido devastados pelo fungo quitrídeo, que, ao lado de outros fatores, como desmatamento e mudanças do clima, impõe uma séria ameaça de extinção sobre até 30% das espécies de anfíbios do mundo.

Mais uma espécie em extinção, este anfíbio cientificamente
conhecido como
Hylinobatrachium pellucidum e vulgarmente
chamado de rã-de-vidro, tem uma pele que permite a
visualização de seus órgãos.


O macho desta possível nova espécie carrega girinos nas costas

Este é o sapo Pristtimantis

Entre outros animais incomuns encontrados nesta expedição estão insetos da família Tettigoniidae conhecidos como esperanças e várias espécies de anfíbios e mamíferos nunca registrados no Equador. Além disso, foram descobertas duas espécies de aves que são endêmicas da Cordilheira do Condor, 25 espécies consideradas raras no Equador e 11 espécies ameaçadas ou quase ameaçadas a nível mundial.


Essa pequena salamandra é uma das possíveis novas espécies

Lagarto do gênero Enyalioides

Um dos novos insetos descobertos durante a expedição foi
este gafanhoto do gênero Typophyllum, que desenvolveu
uma estratégia de camuflagem


Resultantes de um Programa de Avaliação Rápida (RAP, na sigla em inglês), os ambientalistas esperam que estas descobertas estimulem o governo do Equador a fortalecer a proteção da área, que fica próxima a um parque internacional da paz, criado no final dos anos 90 para marcar o fim das hostilidades entre o Equador e o Peru depois de décadas de disputa pela área fronteiriça. A expedição científica, financiada pelas Fundações Gordon e Betty Moore, Mulago e Leon e Toby Cooperman Family, teve como foco a bacia do alto Rio Nangaritza, que é isolada de outras regiões dos Andes em termos geológicos, o que ajuda a estimular a evolução de espécies endêmicas, ou seja, aquelas que não são encontradas em nenhum outro lugar do mundo.

Rio Nangaritza

Trata-se de uma área de floresta de montanha praticamente intacta, com sua fauna e flora quase que intocadas pelo homem, só sendo conhecida pelas comunidades locais, que a tratam com respeito. A biodiversidade de aves e mamíferos também é muito rica na área, de acordo com a avaliação. Para os cientistas, as descobertas mostram a importância biológica dessa área, não somente por causa da variedade de plantas e animais que vivem lá, mas também por conta dos serviços que os ambientes nativos prestam às comunidades locais, como água limpa e oportunidades de geração de renda a partir do ecoturismo e citam a mineração, a agricultura e a extração ilegal de madeira como ameaças importantes para a sobrevivência dessas espécies.