segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Crime ambiental – Programa documenta crime do palmito


O Fantástico desse final de semana, apresentou matéria sobre a exploração ilegal do palmito Juçara (Euterpe edulis) na Mata Atlântica, na região do Vale do Ribeira, estado de São Paulo. Mostrou que quadrilhas usam táticas do tráfico de drogas para controlar a extração e o comércio ilegal do palmito nativo.

A equipe do programa acompanhou uma blitz da Polícia Ambiental, no Parque Ecológico de Sete Barras e constatou que os criminosos agem em bando e segundo a polícia, grupos assim estão espalhados pelas reservas ambientais do Vale do Ribeira, uma área de cerca de três mil quilômetros quadrados, entre São Paulo e Paraná. A grande maioria dessas pessoas que se env
olvem com a exploração clandestina do palmito tem antecedentes criminais. As quadrilhas fazem longas viagens pelo interior da floresta e se utilizam de mulas para o transporte de mantimentos que garantem a manutenção na floresta por vários dias. Na blitz, a polícia apreendeu espingardas e munição e vários acampamentos foram derrubados.

Do caule, as quadrilhas extraem o palmito-juçara, considerado o mais saboroso de todos os tipos de palmito. Quem pratica esse crime ambiental pode ficar até cinco anos na cadeia. Todo mundo sabe, pouca gente respeita, admite um morador da região que produz o palmito clandestinamente.

O esquema começa com a compra de potes de vidro que já foram usados e serão reaproveitados (são bandidos ecologicamente conscientes: praticam a reciclagem!). A maioria está no meio da sujeira, em depósitos de lixo. O palmito extraído ilegalmente é preparado em fabriquetas e acondicionados nesses frascos sem as mínimas condições de higiene. Após o cozimento, muitas vezes, o palmito é levado para algum barco e destinado diretamente ao consumo.

Durante a fiscalização, nenhum integrante das quadrilhas foi preso. Além da vegetação densa, o que também dificulta a prisão em flagrante, são os chamados olheiros. Eles ficam espalhados na mata e dão o alerta. Alguns olheiros andam com rádios comunicadores, estratégia comum entre traficantes de drogas. Muitas vezes, apressados, os criminosos largam o palmito-juçara ainda cozinhando, dentro dos vidros.

O palmito clandestino é vendido em média pela metade do preço do legalizado. Clientes não faltam. Alguns chegam a comprar trezentas caixas, de 15 em 15 dias, o que representa cerca de seis toneladas por mês.

As autoridades recomendam que o consumidor preste muita atenção na embalagem e prefira estabelecimentos de credibilidade comprovada. Na dúvida, só coma palmito que tenha sido fervido por pelo menos 15 minutos.

Esse crime ocorre há décadas, pra não dizer séculos, na Mata Atlântica. Nas últimas décadas, nos remanescentes dos estados de São Paulo (Vale do Ribeira e litoral norte) e Rio de Janeiro (Paraty, Angra dos Reis e Mangaratiba) o crime é corriqueiro. Os criminosos (a maioria bandidos mesmo como dizem os policiais na reportagem) têm bases de apoio nas comunidades de entorno das matas e se utilizam de técnicas de guerrilha. A polícia sabe quem é quem nesse esquema, principalmente aqueles que dão apoio (escondem armas, fornecem alojamentos, alimentação, etc.) e os que extraem o palmito se embrenhando na mata. Basta intensificar a fiscalização nessas áreas. Para isso o governo tem de investir em estrutura, capacitação e melhores salários para esses policiais que enfrentam quadrilhas altamente especializadas.

O mesmo tipo de criminoso (muitos foragidos) está embarcado praticando a pesca predatória em todo o litoral do Brasil principalmente em áreas de criadouros, como ocorre na Baía de Sepetiba (RJ). O que é preciso para se dar solução a esses tipos de crimes? Basta FISCALIZAÇÃO e cadeia evidentemente. Ao Ministério do Meio Ambiente e aos demais órgãos de fiscalização ambiental: precisamos de profissionalismo, mais ação e menos papo.