O senado tem em torno de 1.100 funcionários terceirizados. Só na TV Senado, são 337 contratados por empresas que venceram licitações. Eles custam R$ 2,4 milhões por mês. A maior parte desse dinheiro vai para os donos das empresas e não para os trabalhadores. Um arquivista, por exemplo, tem salário de R$ 1.900, mas o Senado paga à empresa terceirizada mais de R$ 6.200. Um operador de pós-produção ganha R$ 3.800, mas custa ao Senado R$ 14.167. Um diretor de programação recebe R$ 4 mil, para a empresa quase R$ 17 mil. A roubalheira é descarada. A diferença em relação ao que se pratica no mercado chamou a atenção da polícia.
Com autorização da Justiça, a Polícia Federal gravou conversas telefônicas entre diretores do Senado e empresários, concluindo que uma quadrilha fraudou as licitações e os contratos. As gravações indicam participação de altos integrantes do Senado nas fraudes e há citações dos nomes do diretor-geral da Casa, Agaciel Maia, e do primeiro-secretário, senador Efraim Morais (DEM-PB). Oito pessoas foram indiciadas por improbidade administrativa. O Ministério Público pede a devolução de R$ 36 milhões aos cofres públicos. Mesmo sob suspeita, os contratos foram renovados por ordem do senador Efraim Morais.
O senador nega qualquer envolvimento no episódio. Disse que vai solicitar à PF que encaminhe ao Conselho de Ética qualquer gravação telefônica com os funcionários envolvidos no esquema. O presidente da casa defendeu o primeiro-secretário.
Nessas horas ninguém é culpado. Que diretoria é essa que aprova o pagamento de salários claramente escandalosos e não toma nenhuma providência? Só se manifestam quando a coisa explode e vai para a mídia. Que presidente e que secretário são esses? Estão fazendo o que lá? E o pior de tudo que são pagos com dinheiro do povo. O povo é que paga aqueles que estão fraudando as licitações, os funcionários usados pelos fraudadores e os políticos eleitos pelo mesmo povo. Enquanto eles continuam roubando, a população fica sem saneamento básico, educação, saúde, transporte, habitação, e claro, sem dignidade.