terça-feira, 19 de agosto de 2008
Meio ambiente - Baía de Guanabara recebe 80 toneladas de lixo flutuante por dia
É inacreditável, nos dias de hoje, com tanta informação chegando com facilidade ao ser humano, independentemente do seu nível sócio-econômico, a falta de respeito com o meio ambiente, em especial com a Baía de Guanabara, um dos cartões postais da cidade do Rio de Janeiro. O retrato da situação é manchete de O Globo hoje.
Os barcos de coleta e ecobarreiras não dão conta do lixo flutuante da baía. Trabalhando a todo vapor, conseguem tirar da água cerca de sete toneladas de resíduos por dia. Mas, diante da imensidão de plásticos, garrafas PET, sofás, pedaços de madeira, geladeiras velhas, tubos de imagem de TV e até cadáveres boiando, as iniciativas da Secretaria Estadual do Ambiente se comparam a pano que enxuga gelo. O volume médio de lixo flutuante expelido pelos rios que desembocam na baía é de 80 toneladas por dia. O volume de resíduos varia de dez toneladas por dia, em dias mais estáveis, a até 200 toneladas por dia, em condições extremas de chuva e maré.
Segundo o geógrafo Elmo Amador, a Serla (Superintendência Estadual de Rios e Lagoas) faz um trabalho importante, mas com eficiência muito baixa. O estado precisa ir além das ações isoladas para resolver o problema. Precisa dispor de um plano que contemple um sistema de coleta de lixo mais efetivo nas comunidades existentes às margens das bacias, rastrear os resíduos que chegam à baía, para, aí sim, dimensionar a necessidade de barcos e ecobarreiras, além de outros instrumentos de combate.
O geógrafo também faz um alerta sobre os resíduos que já afundaram e cobrem o fundo da baía. Segundo ele, são pelo menos 20 Km2 de fundo completamente perdido, revestido com plástico e outros materiais, a ponto de não existir mais peixe, nada. A retirada desse lixo é ainda mais delicada que a do que flutua e requer mais tecnologia.
O lixo que flutua sem rumo pela Baía de Guanabara não causa apenas danos ambientais. A navegação de barcos de transporte de passageiros e esportivos também é constantemente afetada pelos resíduos sólidos. As embarcações da Barcas S/A, que transportam passageiros e fazem cinco rotas dentro da baía, vão para o estaleiro pelo menos uma vez por mês devido às avarias causadas pelo choque com madeira, sofás e outros lixos de grande porte.
Pois é, como falamos no início, não é por falta de informação. A maioria da população assiste televisão e ouve rádio. O tema meio ambiente, principalmente a questão do lixo, é abordado constantemente nos meios de comunicação. Sem contar a internet, que chega a um número cada vez maior a moradores de áreas carentes. Pelo que vemos é falta de vontade da população de fazer o que tem de ser feito: a seleção domiciliar do lixo, cobrar das autoridades a coleta do lixo pré-selecionado, além de reivindicar melhorias em suas comunidades e acesso a moradias dignas. E, do lado das autoridades, a falta de vontade de virar esse jogo. Parece que o pensamento desses políticos é que se conseguirem acabar com os problemas da população, provavelmente não terão o que fazer, vão perder os seus votinhos de cabresto, suas mordomias, suas falcatruas, etc. Para eles, certamente, é interessante manter os problemas vivos e ir empurrando com a barriga. E ainda cabe a velha pergunta: onde está todo aquele monte de dinheiro que deveria ter sido empregado na despoluição da Baía de Guanabara?