Não dá para entender como ainda existem alguns “especialistas-comentaristas” que apontam a China como exemplo de país em desenvolvimento, exaltando o impressionante “crescimento” do PIB do país em níveis acima dos 10% ao ano! Eles ainda acham o que acontece na China uma das maiores maravilhas da economia mundial. O PIB real da China nunca chegou a esses níveis senhores! O que a China produz economicamente, tem ou terá de gastar para se recuperar ambientalmente! O crescimento da China é feito às custas da destruição criminosa do ambiente natural e a exploração da mão-de-obra em modelo escravagista. Que economia de mercado é essa, reconhecida até pelo magnânimo presidente Lula? Com toda sua cultura milenar, exaltada aos quatro ventos por muitos admiradores, mas, certamente, não observadores, eles ainda não entenderam o conceito de desenvolvimento sustentável.
Muitos acreditam que os problemas ambientais na China se resumem à poluição atmosférica causada pela enorme emissão de gases tóxicos de suas indústrias, documentada pelas reportagens televisivas durante a cobertura das olimpíadas. Aliás, a catástrofe ambiental chinesa só ganhou destaque na imprensa com o problema da poluição atmosférica de Pequim, que pode afetar atletas e turistas durante os jogos. Mas a realidade é outra completamente diferente. A realidade é cruel.
Ainda não há consenso de que o país seja o maior emissor de gases-estufa do mundo, à frente dos Estados Unidos, mas sabe-se claramente que a China está entre os primeiros da lista, alavancada pelo uso de carvão como fonte de energia. E o problema cresce. Estimativas do IPCC (painel do clima da ONU), indicam que até 2010 as emissões chinesas crescerão até 5%, em relação a 2004. Pesquisas menos animadoras mostram que as emissões na China devem crescer ainda mais. Ao levar em conta todas as províncias e fazer uma análise detalhada, projeta-se um aumento de ao menos 11% na produção chinesa de gases-estufa. A china costuma ser tratada como um só país, mas cada uma das províncias é maior do que muitos países da Europa, tanto em tamanho quanto em população. Nessas proporções, qualquer ação provoca reações com impactos gigantescos (positivos ou negativos).
A verdade é que o problema do crescimento chinês não se resume à poluição atmosférica, com o lançamento sem limites de gases tóxicos por suas chaminés. O avanço da indústria e do comércio também tem ajudado a estabelecer espécies invasoras por todo o país. Aproximadamente 400 plantas e animais exóticos são considerados invasores. Um tipo de lagarta vinda da América do Norte, por exemplo, rapidamente devasta a paisagem urbana de Pequim ao desfolhar mais de 200 espécies de planta. Da mesma forma, sementes de grama não-nativa e outros vegetais importados para deixar a capital mais bonita para as olimpíadas podem ter dado carona a insetos nocivos.
A poluição atmosférica, sem dúvida, ocupa o topo da lista dos problemas ambientais chineses, seguida de perto pela falta de água para sua população, a segurança alimentar, a erosão das terras, a poluição dos rios, o destino final de resíduos sólidos, a propagação de espécies invasoras de animais e plantas pelo país e a perda de biodiversidade. Apesar do governo tomar algumas iniciativas para tentar diminuir momentaneamente as emissões atmosféricas (pelo menos durante os jogos olímpicos), o país não se preocupou até o momento em aplicar tecnologias para economia e racionalização de água em toda Pequim nem priorizar uma política para geração de menos lixo – ao invés de construir mais incineradores. O consumo desenfreado cresce cada vez mais nos grandes centros urbanos. Os novos milionários e a nova classe média são simplesmente devastadores, consumindo desesperadamente e produzindo quantidades de lixo cada vez mais catastróficas.
Cerca de 300 cidades na China têm grave carência de água e mais de 70% dos rios chineses estão poluídos, praticamente mortos. A disponibilidade de água por pessoa é somente 1/32 do nível médio internacional.
E alguns animais refletem os problemas ambientais do país. O boto baiji, natural do rio Yangtzé, por exemplo, está praticamente extinto (criticamente ameaçado). Segundo a Sociedade Zoológica de Londres, caso seja confirmada a sua extinção, ele será o primeiro cetáceo a desaparecer como resultado direto da influência do homem: pesca abusiva, navegação excessiva, poluição fluvial e construção de usinas hidrelétricas. Sobrou até para o panda-gigante, símbolo nacional, que perdeu muito de seu habitat (e continua perdendo) e quase sumiu nos anos 1980. Ainda é tido como "em perigo".
Apesar da maioria dos chineses utilizarem a bicicleta como meio de transporte (não sabemos até quando terão capacidade para respirar e pedalar), só 22% têm carro, a frota automotiva cresce exageradamente.
O que vem ocorrendo na China é que o governo realmente não tem interesse em mostrar coisas que assustam os turistas e a opinião pública mundial e por isso, vem tomando medidas para esconder descaradamente suas mazelas. Mas o cobertor é pequeno para tanto descalabro. Além de limitar carros para controlar a poluição durante as olimpíadas, proibiu a venda de carne de cachorro, iguaria tradicional. A fumaça de automóveis, porém, deve sair de cena só durante os jogos. Já os cães, por ironia, podem passar de vítimas a vilões. Estudos mostram que, na última década, os maiores estorvos para turistas foram doenças respiratórias e... mordidas de cachorro. Muitos viajantes precisam de cuidados respiratórios durante a viagem e muitos, após a viagem para a China, têm que se tratar devido a mordidas de animais - de cachorro, algumas de gato e macaco - precisando de vacina anti-rábica. Está difícil de esconder os absurdos chineses. Não existe cobertor suficiente que consiga esconder ainda, o desrespeito aos direitos humanos, à liberdade de expressão, a exploração de mão-de-obra, as populações rurais miseráveis, o abuso de autoridade, a censura à internet, as calúnias aos opositores do regime, etc., etc., etc. Chega de exaltação a esse modelo do absurdo!
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