segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Meio ambiente – Outra visão sobre o eucalipto


O eucalipto pode melhorar a sua imagem ante os ambientalistas. Acusado de ser uma espécie que empobrece o meio ambiente, principalmente por ser plantado em grandes extensões como monocultura, ressecando o solo e afugentando a fauna, o eucalipto contribui diretamente na produção do papel, celulose e madeira, auxiliando na diminuição da supressão de mais áreas de matas nativas, comum Há alguns anos atrás.

Recentemente foi divulgada uma pesquisa do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP), mostrando que as plantações de eucalipto no interior de São Paulo podem servir de passagem entre áreas de preservação e ajudar na sobrevivência de algumas espécies de carnívoros, entre elas, o lobo-guará, a onça-parda, a irara e a jaguatirica.

Apesar de defenderem que os eucaliptais não oferecem recursos necessários à fauna nativa, os biólogos descobriram que eles são o que chamam de matrizes permeáveis – um meio para os animais chegarem a locais onde podem encontrar esses recursos. Funcionam como um tipo de corredor entre diferentes regiões de mata. Os animais conseguem passar pelo eucaliptal, coisa que em outras matrizes não conseguem.

Isso é positivo, quando existem eucaliptais associados a fragmentos de vegetação nativa, que são a fonte que garante aquela biodiversidade. Os eucaliptais conectam esses fragmentos servindo de proteção para o deslocamento da fauna.

Os pesquisadores registraram durante 18 meses, entre 2005 e 2007, imagens desses animais. Eles estudaram uma área de 50 km² nos municípios de Santa Rita do Passa Quatro, a 248 km de São Paulo, e Luís Antônio, a 273 km da capital paulista. O local foi escolhido levando-se em consideração as características das áreas de preservação. Nesses municípios estão localizados o Parque Estadual de Vassununga e a Estação Ecológica de Jataí. As reservas eram áreas de usinas que foram desativadas, por isso tinham essa característica fragmentada – áreas de preservação mescladas com espaços preenchidos com eucaliptais ou plantações de cana-de-açúcar. Para registrar os animais no local, eles utilizaram uma tecnologia empregada há muitos anos pelos ecologistas. As câmeras fotográficas disparam ao detectar movimentos de corpos quentes.

O estudo mostra que os eucaliptais são melhores para esses animais como áreas de passagem do que as plantações de cana-de-açúcar, por exemplo. O eucalipto é protegido pelas empresas contra os incêndios. Ainda que seja uma monocultura, existe uma situação de proteção ali. Mas, se só tivesse eucalipto, não adiantaria nada, pois os animais não vivem apenas no eucaliptal. Segundo os pesquisadores, isso pode mostrar uma melhor condição de sobrevivência desses animais no atual cenário econômico.