Segundo uma revisão orçamentária aprovada pelos Membros das Nações Unidas durante a sessão de encerramento da reunião da Comissão sobre População e Desenvolvimento (CPD), na semana passada, em 2010, serão necessários investimentos da ordem de US$ 64,7 bilhões para programas populacionais, essenciais para a redução da pobreza, promoção do desenvolvimento e diminuição da mortalidade materna, no final da última sexta-feira. Um terço desse valor, cerca de US$ 21,6 bilhões, deve vir da assistência internacional, enquanto os dois terços restantes referem-se a investimentos nacionais pelas nações em desenvolvimento.
A nova cifra de US$ 64,7 bilhões é uma revisão considerável dos US$ 20,5 bilhões (segundo as taxas de câmbio de 1993) previstos para 2010 segundo a Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento (CIPD), realizada no Cairo em 1994. Esta é a primeira vez em 15 anos que as estimativas de custo do Programa de Ação do Cairo são revisadas como exigido por consenso global.
Essa revisão era urgente devido ao crescimento dramático das necessidades atuais, com o aumento estratosférico dos custos da assistência médica e da coleta de dados, já que muitos países se preparam para a rodada 2010 do censo.
As novas cifras foram aprovadas em reconhecimento à necessidade de se aumentarem urgentemente os recursos financeiros para a implementação do Programa do Cairo, segundo resolução adotada durante a reunião. Os Membros das Nações Unidas estão particularmente preocupados com os recursos para o planejamento familiar, que estão muito abaixo do necessário.
Os US$ 64,7 bilhões foram divididos segundo as categorias de trabalho adotadas no Cairo. Os custos totais em 2010 para saúde sexual e reprodutiva, que incluem planejamento familiar e saúde materna, estão estimados em US$ 27,4 bilhões; US$ 32,5 bilhões para HIV/Aids; e US$ 4,8 bilhões para pesquisa básica, coleta de dados e análise política. As cifras mudam anualmente, subindo de cerca de US$ 67,8 bilhões em 2011 a US$ 69,8 bilhões em 2015.
As novas estimativas refletem de maneira mais adequada as atuais necessidades e estão mais alinhadas com os investimentos necessários para se alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM). Segundo Thoraya Ahmed Obaid, Diretora Executiva do UNFPA, o Fundo de População das Nações Unidas, com a desaceleração da crise financeira, agora é o momento de se aumentar o investimento social e redobrar esforços em prol da agenda da CIPD. As experiências compartilhadas pelos países em todo o mundo, mostram claramente a necessidade de ação intensificada e comprometida com a causa.
A agenda principal antes da reunião da Comissão era a contribuição do Programa do Cairo para os ODM. Os países em desenvolvimento defenderam com firmeza a idéia quando, no dia da abertura, declararam que implementação do Programa de Ação da CIPD é crucial para a erradicação da pobreza extrema. Falando em nome do Grupo dos 77 e da China, acrescentaram que o consenso do Cairo tem um impacto direto na habilidade de se alcançar os ODM associados à saúde e aos resultados sociais e econômicos nas áreas relacionadas a crianças, mães, HIV/Aids, gênero, pobreza e emprego.
As emissões de carbono provenientes do desmatamento são significativas e colocariam o Brasil, caso fossem contabilizadas, na 4ª ou 5ª posição entre os maiories emissores de carbono do Mundo. Por causa disso, segundo especialistas do mercado de carbono, os países industrializados deverão exercer forte pressão para incluir os projetos de conservação florestal no novo acordo que deverá substituir o Protocolo de Kyoto, a partir de 2012, o que prevê que o país deverá sofrer uma pressão muito grande nas próximas negociações.
A nações industrializadas procurarão incluir esse tipo de projeto no protocolo mais preocupadas com a nossa floresta, ainda com grandes áreas preservadas, pois as suas (florestas) quase não existem atualmente.
O governo brasileiro é contra a inclusão dos projetos de conservação florestal no acordo, por uma questão de soberania nacional, por receio de algum tipo de moção anti-desenvolvimentista, conservacionista, imposta ao país.
Nenhum país pode, atualmente, incluir projetos de conservação florestal no Protocolo de Kyoto como projetos de redução de emissões de gases poluentes, o chamado Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). O protocolo permite apenas duas modalidades de projetos de MDL na área florestal: reflorestamento de áreas degradadas ou aflorestamento, ou seja, o plantio em áreas que nunca tiveram árvores. Conservação florestal, ou desmatamento evitável, não é elegível como projeto de MDL.
Os projetos que não são aceitos pelo Protocolo de Kyoto são aceitos pelo mercado voluntário, que funciona em paralelo ao mercado regulado, e é movido pelas iniciativas de empresas que têm medidas voluntárias de redução de emissão.
O novo tratado climático que substituirá o Protocolo de Kyoto deve ser concluído até dezembro próximo, na reunião da Organização das Nações Unidas, programada para ocorrer em Copenhague, na Dinamarca.
Com o objetivo de questionar os investimentos do Governo Federal na retomada do programa nuclear brasileiro enquanto o "potencial eólico do país é desprezado", ativistas do Greenpeace colocaram, nesta terça-feira, quatro turbinas eólicas de três metros de altura flutuando, com o auxílio de uma balsa, na frente dos prédios das usinas nucleares de Angra dos Reis, litoral sul do estado. Três militantes exibiam um cartaz defendendo a adoção de energias renováveis e rejeitando o uso da nuclear.
Apesar de se tratar de uma área bastante vigiada, os ativistas mantiveram a embarcação atrás de uma linha de bóias, respeitando os limites. A empresa enviou dois botes com membros de suas equipes de segurança e a Polícia mandou outro barco. No entanto, como não estavam violando nenhuma norma, eles se limitaram a observar os manifestantes. A assessoria de imprensa da empresa informou que recebeu um comunicado do Greenpeace por fax, mas a manifestação já estava em andamento.
Segundo eles, a construção de Angra 3 consumirá mais de R$ 9 bilhões de recursos públicos, além de agravar o problema do lixo radioativo, que continua sem solução em todos os lugares do mundo. Para os ambientalistas, os investimentos em energia nuclear são de alto risco e acabam desviando recursos das fontes renováveis de energia. O protesto foi uma forma de mostrar o contraste entre dois tipos de energia: a nuclear, com sua complexidade e periculosidade, e a renovável, que é simples e respeita o meio ambiente.
Ainda segundo os ativistas, a terceira usina em Angra seria um investimento muito alto em uma fonte energética que já se mostrou cara, insegura e pouco eficaz e um parque de geração eólica com o dobro da capacidade de Angra 3 (1.350 megawatts), pode ser construído em apenas dois anos, com o mesmo valor que será investido na usina nuclear.
Em nota, a ONG informou que o protesto de hoje marcou o final da expedição “Salvar o Planeta. É agora ou agora”, que, desde o mês de janeiro passou por Manaus, Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Rio de Janeiro e Santos. A bordo do navio do Greenpeace, o Arctic Sunrise, os ambientalistas promoveram uma série de eventos públicos para alertar a sociedade sobre a gravidade do aquecimento global. Nas manifestações, a ONG coletou cerca de 30 mil assinaturas para pressionar o Governo Federal a assumir a liderança nas negociações internacionais sobre clima, especialmente na reunião da Organização das Nações Unidas (ONU) marcada para dezembro, em Copenhague (Dinamarca).
Verdade: Em 1995, o governo brasileiro, por intermédio de um pronunciamento do Presidente da República, assumiu a existência do trabalho escravo no Brasil. Já naquele ano foram criadas estruturas governamentais para o combate a esse crime, com destaque para o Grupo Executivo para o Combate ao Trabalho Escravo (Gertraf) e o Grupo Especial de Fiscalização Móvel. No ano passado, o atual Presidente da República lançou o Plano Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo e criou a Comissão Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo (Conatrae).
Em março de 2004, o Brasil reconheceu na Organização das Nações Unidas a existência de pelo menos 25 mil pessoas reduzidas à condição de escravos no país – e esse é um índice considerado otimista. Os números servem de alerta para o tamanho do problema. Porém, mesmo que houvesse um único caso de trabalhador reduzido à escravidão no Brasil, esse caso deveria ser combatido e eliminado.
De 1995 até 2005, cerca de 18 mil pessoas foram libertadas em ações dos grupos móveis de fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego. De 2006 a 2009, esse número foi de 14.605 pessoas.
As ações fiscais demonstram que quem escraviza no Brasil não são proprietários desinformados, escondidos em propriedades atrasadas e arcaicas. Pelo contrário, são grandes latifundiários, que produzem com alta tecnologia para o grande mercado consumidor interno ou para o mercado internacional. Não raro, nas fazendas são identificados campos de pouso de aviões dos fazendeiros. O gado recebe tratamento de primeira: rações balanceadas, vacinação com controle computadorizado, controle de natalidade com inseminação artificial, enquanto os trabalhadores vivem em piores condições do que as dos animais.
Em visita recente à África, o Papa Bento XVI declarou que o uso da camisinha não ajuda no combate à Aids. Em visita a Camarões, o Santo Padre afirmou que o uso de preservativos pode agravar o problema da Aids, chamando a doença de "uma tragédia que não pode ser combatida apenas com dinheiro ou a distribuição de preservativos, os quais podem, inclusive, aumentar o problema”. A solução, segundo Bento IX, se encontra "em um despertar espiritual e humano" e "amizade com os que sofrem". Ele defende a fidelidade e a abstinência como formas de combater a doença.
As declarações causaram espanto em alguns ativistas que dizem que o uso de preservativos é um dos únicos métodos comprovadamente eficazes de combate à doença. Para eles, a oposição do Papa aos preservativos indica que dogmas religiosos são mais importantes para ele do que as vidas dos africanos.
Na última quarta-feira, a França condenou as declarações do Papa, qualificando-as como “uma ameaça”. Segundo os franceses, enquanto não lhes cabe julgar a doutrina da Igreja, consideram que tais comentários são uma ameaça às políticas de saúde pública e a obrigação de proteger a vida humana.
Para ironizar a declaração do pontífice, foram lançados em Paris, preservativos contendo a imagem do Papa com a frase “I said no” ("Eu disse não"). As camisinhas foram fabricadas e distribuídas gratuitamente durante um protesto contra a proibição da Igreja Católica.
Estimativas apontam que cerca de 22 milhões de pessoas são infectadas com o vírus do HIV na África, ao sul do Deserto do Saara, segundo dados da ONU (Organização das Nações Unidas) de 2007. O total representa dois terços de todos os infectados do mundo. Mesmo com o grande apelo sobre as doenças sexualmente transmissíveis e pelo uso de preservativos, milhares de pessoas morrem no mundo inteiro.
Um estudo da Universidade das Nações Unidas lançado em Londres nesta terça-feira, indica que dois quintos da riqueza mundial estão concentrados nas mãos de 37 milhões de indivíduos, ou 1% da população adulta. Se considerados os 10% mais ricos do mundo, a proporção da riqueza mundial nas mãos desse grupo é de 85,2%.
Na outra ponta, os 50% mais pobres do mundo são donos de apenas 1% da riqueza global.
O estudo, compilado no livro "Personal Wealth From a Global Perspective" (Riqueza pessoal a partir de uma perspectiva global), é a mais ampla iniciativa para investigar o tamanho da desigualdade na distribuição da riqueza pelo mundo. Segundo o coordenador do estudo, o economista James Davies, um pequeno grau de desigualdade entre os países tem um efeito positivo para o desenvolvimento, por servir como incentivo ao empreendedorismo, pois para ele, os candidatos a ser empreendedores precisam ter algum incentivo, precisam pensar que podem ficar ricos, para se aventurarem.
Os países ricos, durante seu processo de desenvolvimento nos séculos 18 e 19, tiveram um aumento na desigualdade em um primeiro momento, seguido de uma redução, provocada principalmente pela elevação do nível de renda da classe média. Muitos países em desenvolvimento acelerado como a China, por exemplo, podem estar seguindo esse padrão hoje, com um aumento na desigualdade.
O estudo adverte que a desigualdade extrema, como no caso do Brasil, é prejudicial ao crescimento econômico. A desigualdade deve ser combatida principalmente em setores como educação. Também mostra o nível de concentração da riqueza individual entre os países. Estados Unidos e Japão concentram 64,3% dos indivíduos entre o grupo de 1% mais ricos do mundo. O Brasil tem 0,6% dos indivíduos nesse grupo, que representam aqueles com patrimônio superior a US$ 512,4 mil.
Entre os 10% mais pobres do mundo, 26,5% estão na Índia, 6,4% na China e 2,2% no Brasil. Os Estados Unidos têm apenas 0,2% de sua população nesse grupo, com patrimônio total inferior a US$ 178.
Os dados da pesquisa mostram ainda que, apesar do forte crescimento da China nas últimas três décadas, os chineses ainda concentram apenas 2,6% da riqueza mundial, apesar de representarem 22,8% da população. Os indianos, que são 15,4% da população mundial, detêm 0,9% da riqueza global. Na África, que tem 10,2% da população, está apenas 1% da riqueza mundial.
Na outra ponta, a América do Norte, com 6,1% da população mundial, concentra 34,4% da riqueza, enquanto a Europa, que tem 14,9% da população, detém 29,6% da riqueza. O grupo de países ricos da Ásia e do Pacífico, que inclui o Japão, tem apenas 5% da população mundial, mas concentra 24,1% da riqueza global.
Essa é a principal causa da fome, da miséria e da degradação ambiental no planeta. A ganância de poucos em concentrar cada vez mais riqueza. Não podemos nos esquecer que é claro que ela vem seguida de outras mazelas também importantes, com destaque para a corrupção. Falando de Brasil, parece que eles ainda não entenderam. Continuam explorando, roubando e enganando o povo.
O recorde de desperdício de água por habitante no mundo pertence ao Brasil. Ele foi detectado no Lago Sul, bairro nobre de Brasília, conhecido como bairro dos ministros, onde o gasto médio diário por pessoa é de mil litros. Enquanto isso, em países da África, como a Namíbia, por exemplo, as pessoas têm menos de um litro de água por dia. O consumo diário médio de água por pessoa nos grandes centros urbanos brasileiros oscila entre 250 a 400 litros do recurso natural. O volume é mais que o dobro do considerado ideal pela Organização das Nações Unidas (ONU) fixado em 110 litros/dia.
Somente cinco países no mundo apresentam um nível de consumo de água per capita previsto pela ONU: Alemanha, Bélgica, República Tcheca, Hungria e Portugal. Os resultados alcançados por esses países se devem à conjugação de tecnologia com informação, educação ambiental e reeducação da população adulta, caminho que também deve ser seguido pelo Brasil para reverter o alto nível de desperdício de água.
Segundo o engenheiro Paulo Costa, Diretor Comercial da consultoria paulista H2C, especialista em programas de racionalização do uso de água, é urgente que os brasileiros adotem uma nova postura diante do consumo de água. Infelizmente, é preocupação geral da sociedade e dos governos a ampliação da produção de água, em vez de buscar reduzir o consumo. O volume de água disponível em 1950 é o mesmo que temos hoje, mas temos alguns bilhões a mais de seres humanos. Sem controlar a demanda, o trabalho que as concessionárias de água e a população vêm fazendo é de apressar o término dos estoques. A água é a mesma, precisamos é controlar a forma como usá-la. Dados da ONU apontam que mais de 4 bilhões de pessoas vão ter problemas com escassez de água em 2050. Existe tecnologia de sobra no Brasil para gerir a demanda da água, que é um bem finito, não renovável e tem um custo elevado de tratamento.
A conjugação de tecnologia e educação ambiental pode levar condomínios residenciais a terem 30% a 40% de economia por mês em seus gastos com água. Já nos condomínios comerciais, empresas e indústrias, a redução do gasto mensal com água pode chegar a 60%.
Cerca de três bilhões de pessoas, mais da metade da população mundial, sofrerão escassez de água em 2025. É o que revela o relatório divulgado na quinta-feira pela Unesco, a agência da ONU para Educação, Ciência e Cultura. Se as atuais tendências continuarem, incluindo as secas, o aumento populacional, a crescente urbanização, a mudança climática, a proliferação indiscriminada do lixo e a má administração dos recursos, o mundo se dirigirá para uma catástrofe. Estes novos problemas estarão na agenda de uma importante conferência internacional, o Quinto Fórum Mundial da Água, que acontecerá em Istambul, Turquia, entre 16 e 22 deste mês.
Publicado a cada três anos, o relatório atual enfatiza a importância da água no desenvolvimento e crescimento econômico. Na África, destaca o documento da Unesco, meio bilhão de pessoas ainda sofre com a falta de condições básicas de saneamento. Esse panorama se reflete no fato de que 80% das doenças nas nações em desenvolvimento estão relacionados com a água, causando cerca de três milhões de mortes precoces por ano. Cinco mil crianças morrem por causa da diarréia a cada dia no mundo, sendo que cerca de 10% das doenças poderiam ser evitadas com medidas básicas de saneamento e higiene.
Crescimento populacional significa também mais pressão na agricultura, setor que mais consome água no planeta (cerca de 70%). Caso os atuais métodos de irrigação do solo não sejam aprimorados, a demanda do setor agrícola por água vai aumentar entre 70 e 90% até 2050.
Apesar de ser o país com a maior reserva de água doce do planeta, o Brasil não está imune aos problemas de escassez e mau uso, principalmente no setor agrícola, onde o desperdício é muito grande. A água é mal utilizada por todos os setores da economia, em particular na irrigação, onde ela é utilizada com baixa eficiência. O Brasil ainda está muito aquém de uma produção agrícola sustentável.
O índice FAO dos preços dos alimentos teve aumento de 12% em 2006 com relação ao ano anterior, de 24% em 2007 e de 50% durante os sete primeiros meses deste ano. Será preciso investir US$ 30 bilhões por ano para duplicar a produção de alimentos e acabar com a fome. Esse valor é necessário para dobrar a produção de alimentos para dar de comer a 9 bilhões de pessoas. Este valor é bastante modesto, se comparado às somas desembolsadas pelos países membros da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE) em apoio à sua agricultura (US$ 376 bilhões) ou a seus gastos com armamento (US$ 1,2 trilhão em 2006).
Os países membros da FAO se comprometeram durante a cúpula no início de junho em Roma a reduzir pela metade o número de pessoas que sofrem de fome até 2015. Com as tendências observadas hoje, esta meta seria alcançada em 2150 em vez de 2015.
Não é só devido à inflação e falta de alimentos que o número de famintos vem crescendo no mundo. Aliás, alimento existe em abundância, sem contar o potencial para produzi-los. É principalmente pela ganância, o egoísmo e o consumo desenfreado de poucos abastados que se acham no direito de esgotar os recursos naturais para encher seus bolsos, suas barrigas e proporcionar-lhes os mais escandalosos prazeres. É pela desumanidade de políticos corruptos e empresários inescrupulosos, acostumados a explorar os menos favorecidos. É pela falta de coragem de alguns políticos de promover real distribuição de renda e não assistencialismo barato. Pela falta de vergonha de políticos que não dão atenção às necessidades básicas de seu povo, como educação, saúde, saneamento e habitação. A inflação é conseqüência dessas desgraças que estão presentes em todos os países. É inadmissível, desumana e vergonhosa a concentração de riqueza que vem se consolidando nas últimas décadas no planeta Terra. Consumismo foi o maior crime sócio-ambiental do século passado e continua a ser no início deste século. Até quando essa gente continuará cega?
Prêmio Nobel da Paz 2007, Pachauri destacou a importância de mudanças na dieta, devido à grande quantidade de emissões de dióxido de carbono e outros problemas ambientais associados à criação de gado. Na opinião do economista indiano, que é vegetariano, é relativamente fácil mudar os hábitos alimentares em comparação à modificação dos sistemas de transporte.
Após eliminar o consumo de carne um dia por semana, Pachauri propõe continuar reduzindo. A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) estimou que o setor de criação de gado representa 20% das emissões globais de gases do efeito estufa. Além disso, também é uma das principais causas da degradação do solo e dos recursos hídricos. Segundo a FAO, o consumo de carne vai duplicar em meados deste século.
Não dá para entender como ainda existem alguns “especialistas-comentaristas” que apontam a China como exemplo de país em desenvolvimento, exaltando o impressionante “crescimento” do PIB do país em níveis acima dos 10% ao ano! Eles ainda acham o que acontece na China uma das maiores maravilhas da economia mundial. O PIB real da China nunca chegou a esses níveis senhores! O que a China produz economicamente, tem ou terá de gastar para se recuperar ambientalmente! O crescimento da China é feito às custas da destruição criminosa do ambiente natural e a exploração da mão-de-obra em modelo escravagista. Que economia de mercado é essa, reconhecida até pelo magnânimo presidente Lula? Com toda sua cultura milenar, exaltada aos quatro ventos por muitos admiradores, mas, certamente, não observadores, eles ainda não entenderam o conceito de desenvolvimento sustentável.
Muitos acreditam que os problemas ambientais na China se resumem à poluição atmosférica causada pela enorme emissão de gases tóxicos de suas indústrias, documentada pelas reportagens televisivas durante a cobertura das olimpíadas. Aliás, a catástrofe ambiental chinesa só ganhou destaque na imprensa com o problema da poluição atmosférica de Pequim, que pode afetar atletas e turistas durante os jogos. Mas a realidade é outra completamente diferente. A realidade é cruel.
Ainda não há consenso de que o país seja o maior emissor de gases-estufa do mundo, à frente dos Estados Unidos, mas sabe-se claramente que a China está entre os primeiros da lista, alavancada pelo uso de carvão como fonte de energia. E o problema cresce. Estimativas do IPCC (painel do clima da ONU), indicam que até 2010 as emissões chinesas crescerão até 5%, em relação a 2004. Pesquisas menos animadoras mostram que as emissões na China devem crescer ainda mais. Ao levar em conta todas as províncias e fazer uma análise detalhada, projeta-se um aumento de ao menos 11% na produção chinesa de gases-estufa. A china costuma ser tratada como um só país, mas cada uma das províncias é maior do que muitos países da Europa, tanto em tamanho quanto em população. Nessas proporções, qualquer ação provoca reações com impactos gigantescos (positivos ou negativos).
A verdade é que o problema do crescimento chinês não se resume à poluição atmosférica, com o lançamento sem limites de gases tóxicos por suas chaminés. O avanço da indústria e do comércio também tem ajudado a estabelecer espécies invasoras por todo o país. Aproximadamente 400 plantas e animais exóticos são considerados invasores. Um tipo de lagarta vinda da América do Norte, por exemplo, rapidamente devasta a paisagem urbana de Pequim ao desfolhar mais de 200 espécies de planta. Da mesma forma, sementes de grama não-nativa e outros vegetais importados para deixar a capital mais bonita para as olimpíadas podem ter dado carona a insetos nocivos. A poluição atmosférica, sem dúvida, ocupa o topo da lista dos problemas ambientais chineses, seguida de perto pela falta de água para sua população, a segurança alimentar, a erosão das terras, a poluição dos rios, o destino final de resíduos sólidos, a propagação de espécies invasoras de animais e plantas pelo país e a perda de biodiversidade. Apesar do governo tomar algumas iniciativas para tentar diminuir momentaneamente as emissões atmosféricas (pelo menos durante os jogos olímpicos), o país não se preocupou até o momento em aplicar tecnologias para economia e racionalização de água em toda Pequim nem priorizar uma política para geração de menos lixo – ao invés de construir mais incineradores. O consumo desenfreado cresce cada vez mais nos grandes centros urbanos. Os novos milionários e a nova classe média são simplesmente devastadores, consumindo desesperadamente e produzindo quantidades de lixo cada vez mais catastróficas. Cerca de 300 cidades na China têm grave carência de água e mais de 70% dos rios chineses estão poluídos, praticamente mortos. A disponibilidade de água por pessoa é somente 1/32 do nível médio internacional.
E alguns animais refletem os problemas ambientais do país. O boto baiji, natural do rio Yangtzé, por exemplo, está praticamente extinto (criticamente ameaçado). Segundo a Sociedade Zoológica de Londres, caso seja confirmada a sua extinção, ele será o primeiro cetáceo a desaparecer como resultado direto da influência do homem: pesca abusiva, navegação excessiva, poluição fluvial e construção de usinas hidrelétricas. Sobrou até para o panda-gigante, símbolo nacional, que perdeu muito de seu habitat (e continua perdendo) e quase sumiu nos anos 1980. Ainda é tido como "em perigo".
Apesar da maioria dos chineses utilizarem a bicicleta como meio de transporte (não sabemos até quando terão capacidade para respirar e pedalar), só 22% têm carro, a frota automotiva cresce exageradamente.
O que vem ocorrendo na China é que o governo realmente não tem interesse em mostrar coisas que assustam os turistas e a opinião pública mundial e por isso, vem tomando medidas para esconder descaradamente suas mazelas. Mas o cobertor é pequeno para tanto descalabro. Além de limitar carros para controlar a poluição durante as olimpíadas, proibiu a venda de carne de cachorro, iguaria tradicional. A fumaça de automóveis, porém, deve sair de cena só durante os jogos. Já os cães, por ironia, podem passar de vítimas a vilões. Estudos mostram que, na última década, os maiores estorvos para turistas foram doenças respiratórias e... mordidas de cachorro. Muitos viajantes precisam de cuidados respiratórios durante a viagem e muitos, após a viagem para a China, têm que se tratar devido a mordidas de animais - de cachorro, algumas de gato e macaco - precisando de vacina anti-rábica. Está difícil de esconder os absurdos chineses. Não existe cobertor suficiente que consiga esconder ainda, o desrespeito aos direitos humanos, à liberdade de expressão, a exploração de mão-de-obra, as populações rurais miseráveis, o abuso de autoridade, a censura à internet, as calúnias aos opositores do regime, etc., etc., etc. Chega de exaltação a esse modelo do absurdo!
ACENDA UMA VELA TODO DIA PARA NUNCA PRECISAR DA JUSTIÇA