Com o objetivo de questionar os investimentos do Governo Federal na retomada do programa nuclear brasileiro enquanto o "potencial eólico do país é desprezado", ativistas do Greenpeace colocaram, nesta terça-feira, quatro turbinas eólicas de três metros de altura flutuando, com o auxílio de uma balsa, na frente dos prédios das usinas nucleares de Angra dos Reis, litoral sul do estado. Três militantes exibiam um cartaz defendendo a adoção de energias renováveis e rejeitando o uso da nuclear.
Apesar de se tratar de uma área bastante vigiada, os ativistas mantiveram a embarcação atrás de uma linha de bóias, respeitando os limites. A empresa enviou dois botes com membros de suas equipes de segurança e a Polícia mandou outro barco. No entanto, como não estavam violando nenhuma norma, eles se limitaram a observar os manifestantes. A assessoria de imprensa da empresa informou que recebeu um comunicado do Greenpeace por fax, mas a manifestação já estava em andamento.
Segundo eles, a construção de Angra 3 consumirá mais de R$ 9 bilhões de recursos públicos, além de agravar o problema do lixo radioativo, que continua sem solução em todos os lugares do mundo. Para os ambientalistas, os investimentos em energia nuclear são de alto risco e acabam desviando recursos das fontes renováveis de energia. O protesto foi uma forma de mostrar o contraste entre dois tipos de energia: a nuclear, com sua complexidade e periculosidade, e a renovável, que é simples e respeita o meio ambiente.
Ainda segundo os ativistas, a terceira usina em Angra seria um investimento muito alto em uma fonte energética que já se mostrou cara, insegura e pouco eficaz e um parque de geração eólica com o dobro da capacidade de Angra 3 (1.350 megawatts), pode ser construído em apenas dois anos, com o mesmo valor que será investido na usina nuclear.
Em nota, a ONG informou que o protesto de hoje marcou o final da expedição “Salvar o Planeta. É agora ou agora”, que, desde o mês de janeiro passou por Manaus, Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Rio de Janeiro e Santos. A bordo do navio do Greenpeace, o Arctic Sunrise, os ambientalistas promoveram uma série de eventos públicos para alertar a sociedade sobre a gravidade do aquecimento global. Nas manifestações, a ONG coletou cerca de 30 mil assinaturas para pressionar o Governo Federal a assumir a liderança nas negociações internacionais sobre clima, especialmente na reunião da Organização das Nações Unidas (ONU) marcada para dezembro, em Copenhague (Dinamarca).