terça-feira, 1 de julho de 2008

Crime - Presos mais quatro traficantes de animais silvestres


Quatro pessoas foram presas, na madrugada deste último sábado (28-06), por policiais da Delegacia de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente e Patrimônio Histórico (DELEMAPH) sob a acusação de envolvimento com tráfico de animais silvestres. Os animais, cerca de 400 pássaro
s, incluindo 107 trinca-ferros (dos quais mais de dez morreram), tinham destino certo: a feira de Duque de Caxias. Os presos foram indiciados por receptação e crime de maus-tratos de animais silvestres. Algumas espécies estão ameaçadas de extinção.

Foram detidos no município de Itaguaí, nas imediações do Km 394 da rodovia Rio–Santos (BR–101 Sul), com parte da carga apreendida, Marcelo Pinheiro dos Santos, 31 anos, cabo PM lotado no 16º Batalhão (Olaria). Os policiais realizavam fiscalização de rotina quando abordaram o Fiat/Siena
, placa KWM 1541, do Rio de Janeiro, conduzido pelo policial militar. O nervosismo do militar chamou a atenção dos agentes que realizaram buscas no Siena e encontraram no porta-malas mais de 120 pássaros de diversas espécies. Marcelo estava em companhia da mulher dele Bárbara de Paula Leite, 26 anos, e de Alex Manso da Silva, 23 anos. Todos foram levados, com os animais apreendidos para a Delegacia da Polícia Federal na Praça Mauá, Zona Portuária do Rio.

A prática já é conhecida na região. Há cerca de um mês, os policiais apreenderam mais de 200 animais silvestres de diversas espécies na mesma rodovia. Naquela oportunidade a abordagem ocorreu em Angra dos Reis. Um soldado da Polícia Militar também foi preso.

Em Carmo, na divisa com Minas Gerais, foi detido Deivid Lima Viana. Ele vinha da Bahia de ônibus e também transportava pássaros que foram apreendidos.

O tráfico de animais silvestres é o terceiro maior comércio ilegal do mundo, perdendo apenas para o tráfico de armas e de drogas. Movimenta cerca de US$ 10 bilhões ao ano, sendo o Brasil responsável por aproximadamente 20% desse mercado. É crime previsto na legislação ambiental brasileira. É a atividade criminosa mais tradicional no Brasil. Desde o descobrimento, animais silvestres são contrabandeados para o resto do mundo. Parece que nunca vai ter fim.

No estado do Rio, o maior pólo de distribuição para o exterior dos animais capturados, o tráfico ocorre escancaradamente nas barbas das autoridades, semanalmente, na tradicional feira de Duque de Caxias. Uma vez ou outra as autoridades promovem ações repressivas que nunca dão resultado algum. Na semana seguinte a festa continua. As autoridades municipais parecem coniventes com isso tudo. Como é que uma prefeitura permite ocorrer esse tipo de atividade numa feira do município, nos dias de hoje? Essas autoridades estão simplesmente ignorando a legislação, o que também é crime. O tráfico na feira é generalizado. Provavelmente as autoridades sabem quem é quem ali e não fazem nada. É vergonhoso o que ocorre no Rio de Janeiro, mais precisamente no município de Duque de Caxias. Chegou a hora de dar um basta nessa situação, começando pela famosa Feira de Caxias. Plantem lá uma tropa da Polícia Ambiental, Polícia Federal, IBAMA, Guarda Nacional, Batalhão Florestal, IEF, enfim, qualquer um desses órgãos que, como já disse, sabem quem é quem ali, e comecem a sufocar o tráfico de animais silvestres que existe ali há décadas. Será que teremos que criar, não bastando os que já existem, mais um órgão ambiental para tentar dar solução ao problema? É, porque os que estão aí há muito tempo já se mostraram incompetentes para tanto. Até quando os senhores presidentes, diretores, gerentes, grandes especialistas, chefes de fiscalização dos órgãos ambientais municipais, estaduais e federais, vão continuar permitindo esses bandidos soltos na Feira de Caxias?