quarta-feira, 16 de julho de 2008

Crime - Japão desiste do disfarce



O Japão usa vários argumentos para justificar a intenção do país de voltar a caçar comercialmente. Autoridades japonesas afirmam que é preciso matar animais "para pesquisa" e que a importância da carne de baleia na dieta local tende a aumentar. Sua população tem a tradição de comer carne de baleia e, no futuro, esse uso deve ficar ainda mais importante em razão da crise mundial de alimentos. Alegam ainda que só matando é possível saber o que as baleias comem (ao analisar o conteúdo do estômago) e descobrir com precisão idade e tamanho. Esse útimo argumentam é contestado por diversos cientistas e ambietalistas, os quais alegam que o conteúdo do estômago é o mesmo de muitos anos atrás e que é possível saber aproximadamente idade e tamanho sem matar.

Ainda nesse raciocínio de destruição, o Japão alega que quanto mais baleias forem mortas, mais estatística haverá para provar que é viável voltar a caçar de maneira comercial. Para eles, não existe diferença entre carne de baleia e atum, por exemplo. É um recurso marinho que deve ser utilizado, desde que seja abundante.

Assim, lojas chamam a atenção de seus clientes expondo paredes cobertas por pinturas de baleias e as prateleiras repletas de latas de diferentes tipos, todas contendo carne do maior animal marinho. Par atrair a clientela, expõem enormes quantidades de suvenires desses mamíferos em miniatura, baleias de pelúcia e porcelana, dentre outros. A carne é abundantemente em mercados e restaurantes japoneses.

Apesar de a moratória à caça comercial vigorar desde 1986, o Japão possui uma cota de “captura científica” na Antártida que atinge cerca de mil baleias por ano. O governo japonês reconhece que a atividade resulta na venda de 5.000 toneladas de carne de baleia ao ano no país. Os japoneses abatem na região da Antártida até 935 baleias minke, espécie que aparece na categoria "risco menor/dependente de conservação" na lista vermelha de animais ameaçados da IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza). Também estão na cota 2007/ 2008 outras 50 baleias-fin, espécie da categoria "em perigo", e 50 jubarte, da categoria "vulnerável". Sob pressão, o país disse que não caçaria jubartes pelo menos até o meio do ano.

Para ongs e países que questionam a matança, o número de baleias abatidas na caça "dita científica" não é justificável do ponto de vista técnico. Outro problema é o fato de a cota incluir 50 baleias jubarte, consideradas universalmente o símbolo da espécie em extinção.

O Brasil, que
só na década de 80 proibiu a caça, hoje defende o "uso não-letal" desses animais, como o turismo para observação de baleias, que gera lucro e está em plena expansão.