terça-feira, 22 de julho de 2008

Meio Ambiente - Ações mirabolantes, resultados desconcertantes I



Fracassou novamente a tentativa do IBAMA de leiloar animais apreendidos no Pará, os chamados "bois piratas", numa operação para reprimir a pecuária em unidades de conservação. Nenhum dos lotes ofertados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) teve proposta de compra, e os 3.046 animais ainda não foram vendidos.

Na semana passada, tanto a Conab quanto o IBAMA justificaram que o fracasso da primeira tentativa era "
normal", por se tratar da primeira operação com esse tipo de produto. Os técnicos das duas entidades disseram que fariam ajustes para o remate desta segunda-feira (21) mas as alterações não surtiram o efeito desejado. Uma das mudanças foi a redução de 3.500 para as 3.046 cabeças. Além disso, o valor total dos quatro lotes ofertados recuou de R$ 3,9 milhões para R$ 3,15 milhões.

De acordo com avalização do Ministério do Meio Ambiente e do IBAMA, três fatores contribuíram para a não comercialização do gado nesse segundo pregão: o preço, o custo do transporte do rebanho devido à localização e o anúncio, feito por políticos da região, de qua a retirada do gado não seria pacífica.

O leilão foi organizado dentro do sistema eletrônico de comercialização da Conab, que opera em conjunto com as bolsas de mercadorias. Os animais estão divididos em seis lotes, com separação de touros, vacas, novilhos e bezerros.

Boi pirata

Na última semana, houve visita ao local de confinamento por negociadores, depois de agendamento feito pelo IBAMA, que está encarregado de fiscalizar o rebanho.

Analistas disseram que as informações presentes no edital não foram suficientes para atrair possíveis compradores. Além disso, os preços mínimos estabelecidos pelo governo estão acima das médias do mercado. Na oferta desta segunda, por exemplo, o valor de um touro era de R$ 3.150. O valor médio das vacas foi de R$ 78,82 por arroba, bem acima da média de R$ 70 pago pela arroba de fêmeas no Pará.

Ainda segundo os analistas, a forma com que o governo está querendo vender esses animais não é a mais adequada. Para eles, o governo terá de filmar os animais, fotografar, dar um peso médio, a idade dos animais e conceder informações mínimas para despertar o mínimo de interesse.

Diante do fracasso, a Conab marcou para o dia 28 de julho um novo leilão. Será a terceira tentativa de comercializar os animais. O IBAMA garantirá a segurança necessária à retirada dos animais pelo ganhador do leilão. O gado continua confinado na área de preservação ambiental onde foi apreendido.
O governo acredita que em torno de 40 mil cabeças de gado são criados em áreas de unidades de conservação na Amazônia.