quarta-feira, 2 de julho de 2008

Desenvolvimento - Falta de mão-de-obra ameaça crescimento do Brasil


Reportagem publicada nesta quarta-feira pelo jornal americano 'The New York Times' afirma que a falta de mão-de-obra qualificada "ameaça" as metas de crescimento econômico do Brasil. Sob o título "Procuram-se trabalhadores qualificados para uma economia em crescimento no Brasil", o texto diz ainda que isto poderia afetar "a ascensão política e econômica" do país no cenário internacional.

Muitas empresas e economistas, incluindo alguns do governo, dizem que a escassez da mão-de-obra altamente qualificada,
particularmente engenheiros e técnicos, ameaçará as metas de desenvolvimento, assim como a ascensão política e econômica do Brasil.


A falta de mão-de-obra se espalha por diversos setores da indústria. Falta engenheiros civis e de construção o que ameaça projetos de infra-estrutura; áreas como bancos, fabricação de aviões, petroquímica e metalurgia estão todas competindo pelos melhores graduados; na indústria de petróleo e gás, que experimenta um boom, as empresas estão recorrendo a mão-de-obra estrangeira porque não há brasileiros qualificados suficientes para o trabalho. Mais da metade de 1.715 empresas pesquisadas em setembro não conseguia contratar os trabalhadores qualificados de que necessitava.

As soluções de curto prazo têm sido dadas pelas próprias empresas, as gigantes como Vale, Petrobras, Ultrapar e Embraer que mantêm programas internos de treinamento. Mas no longo prazo o prognóstico é mais problemático.

O sistema educacional do Brasil é vergonhoso. Nos testes de desempenho acadêmico realizados a cada três anos pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) com jovens de 15 anos de 57 países, os estudantes brasileiros ficaram na quarta pior colocação em ciências e na terceira pior em matemática.

Enquanto as grandes corporações têm recursos para contratar ou treinar os melhores profissionais, empresas médias não têm a mesma sorte.

Isso nada mais é do que o reflexo de décadas de crescimento a qualquer custo, principalmente explorando ao máximo a mão-de-obra, sempre mal remunerada, não permitindo que esta se capacitasse, não permitindo que esta tivesse o mínimo de saúde e condições para se capacitar e se desenvolver, melhorando sua qualidade de vida. Culpa da elite empresarial e dos políticos corruptos que dominaram e ainda dominam o país, promovendo cada vez mais a concentração de renda nas “mãos de meia dúzia”. Nessas últimas décadas, as grandes indústrias e os bancos obtiveram lucros aviltantes à custa da pobreza da maioria da população brasileira, com a conivência da classe política. O resultado está aí. Quando o país começa a falar em desenvolvimento sustentável, não tem como implementá-lo. Conseguiram aumentar a pobreza no país, acabar com a educação em todos os níveis, falir as universidades, deixar a população sem saúde, levaram os índices de violência a níveis estratosféricos e agora pensam em desenvolvimento sustentável! Só com o gênio da lâmpada.

Profissão pedinte

Desigualdade na maior cidade do país

Infelizmente os senhores abastados terão que gastar boa parte do que ganharam investindo em capacitação da mão-de-obra. Mais uma vez, quem terá condições de fazê-lo são os grandes. Os pequenos empresários não terão as mesmas condições e não vão conseguir deslanchar, vão ficar patinando como sempre.

Desenvolvimento sustentável senhores, é respeitar o ser humano antes de tudo, é mão-de-obra educada e capacitada, é casa digna, é saúde, remuneração adequada, é alimentação, é transporte digno. Infelizmente os senhores esqueceram-se de tudo isso. Preocuparam-se sempre em encher os bolsos. O resultado está aí. Vai demorar muito para termos desenvolvimento sustentável, se é que teremos. Para termos, esses senhores têm que aprender a ser empresários e políticos.