quinta-feira, 17 de julho de 2008

Política - Ministro Minc é criticado e ameaçado por ruralista




Ontém (quarta-feira 16-07), durante a audiência conjunta das Comissões de Agricultura e Meio Ambiente da Câmara, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, ouviu duras críticas da bancada ruralista. O deputado Giovanni Queiroz (PDT-PA) condenou as ações do ministério, entre elas, a apreensão de gado em área de conservação ambiental, chegando a fazer uma ameaça:

- O senhor pode até vender os bois, mas o senhor não vai conseguir entregá-los. Nosso povo é pacífico, mas como diz o ditado: não cutuque a onça com vara curta que ela avança e morde a garganta - disse o deputado.

Queiroz criticou Minc quando o ministro comparou produtores rurais e frigoríficos que compram gado criado em áreas ilegais como quem compra um carro roubado. Segundo o deputado, não se pode comparar um ladrão de carros com um produtor rural. O deputado afirmou que um ladrão é bem diferente de um produtor rural, reforçando: “Não é um ladrão do Rio de Janeiro com quem o senhor está acostumado a conviver”.

Com serenidade, Minc admitiu que a comparação foi indevida.

- O exemplo não foi feliz e vossa excelência tem razão em ter se indignado - disse Minc.

O ministro adiantou que hoje lançará um pacote de medidas para acelerar o licenciamento ambiental do IBAMA para obras de infra-estrutura no país. Batizado de “Destrava Ibama”, o pacote será composto por várias medidas, decretos e portarias para tornar o licenciamento mais rápido, mais ágil e mais rigoroso. O ministro considera que, além da demasiada burocracia para a concessão de licenças, é necessário inibir ações de funcionários do órgão ou do próprio ministério para travar os processos na Justiça.


Durante a audiência, Minc anunciou ainda que o governo da Noruega será o primeiro doador internacional do Fundo Amazônia, criado para financiar o desenvolvimento sustentável da região. Os noruegueses prometeram um cheque de US$ 100 milhões ao novo fundo, que deve contar com até US$ 900 milhões. A Suíça e a Alemanha também já manifestaram interesse.

O ministro aproveitou e fez um apelo aos deputados para a aprovação das alterações no Fundo Clima, composto de recursos do setor petroleiro. O governo quer alterar a destinação dos recursos, hoje exclusivos para minimizar os efeitos de acidentes ambientais do setor, como os derramamentos de óleo no mar. Estima-se que o ministério terá até R$ 600 milhões para pagamento por serviços ambientais, redução de emissões de poluentes e premiar ações de governos estaduais. Os recursos existem, mas não são usados. O governo enviará um projeto de lei ao Congresso para mudar até 60% da destinação da verba do fundo.

É, Minc anda falando demais. É o que muitos analistas e políticos, que também falam demais, andam dizendo.