A ativista indiana Vandana Shiva definiu como uma catástrofe o modelo de desenvolvimento econômico da Índia. A escritora e cientista criticou o desempenho da economia do mundo em geral, mas particularmente da Índia. No caso de seu país, disse que o que muitos consideram um milagre econômico é um desastre, principalmente porque vem acontecendo à custa da natureza, de seus processos ecológicos e dos ecossistemas vitais.
A evolução da economia indiana nos últimos anos, com crescimento que alcança 9% ao ano, só funciona para algumas pessoas que se apropriaram do mundo de milhões de pessoas, de sua forma de vida, de sua água e inclusive de sua terra.
Enquanto isso, milhões de pessoas comem menos e têm menos água para beber, muitas comunidades são obrigadas a deixar suas terras para que outra fábrica possa se instalar e milhares de produtores rurais lutam nos arredores de Nova Délhi contra os projetos de transformar suas terras em zonas urbanas.
Outra questão citada por Shiva é a crise mundial de alimentos, que considera uma crise de especulação e distribuição causada pelo homem e que se baseia na falsa integração das economias locais em uma economia global, onde cinco gigantes controlam os preços em nível mundial. Ainda afirmou que o desenvolvimento de biocombustíveis também tem sua parcela de culpa no crescimento da demanda de cereais, inclusive mais do que o aumento da população.
Enquanto reinar esse tipo de gente e de mentalidade, não adianta ficar discutindo emissões de CO2, desmatamentos, crises econômicas, etc. (a meu ver chega de discutir. Não precisamos ficar discutindo mais nada. Temos que agir). Enquanto não tivermos governantes preparados, sérios, comprometidos com a sustentabilidade econômica e dos recursos naturais do planeta (aliás, o inverso, pois a economia depende diretamente dos recursos naturais. Sem eles não existe economia), esse quadro não vai mudar. Por exemplo: enquanto apoiarem mega eventos em países que não respeitam o conceito de sustentabilidade e os direitos humanos, como as olimpíadas da China, onde os atletas vão ter que respirar ar altamente poluído, as coisas não vão mudar. Enquanto existir atletas descompromissados com a questão da sustentabilidade, voltados unicamente para auto-promoção com suas conquistas de marcas e medalhas e que se sujeitam a disputar competições em países como a China, as coisas continuarão as mesmas. Se existisse o mínimo de conscientização entre os atletas, o boicote à China seria um bom sinal de esperança.