Depois de 10 meses preso em Mônaco, e oito anos foragido, o ex-banqueiro Salvatore Cacciola chegou ao Brasil, o país da corrupção, como se nada tivesse acontecido ou feito, tranqüilo, seguro e sorridente, provavelmente, garantindo-se das diversas artimanhas da justiça que seus advogados poderão lançar mão para libertá-lo.
Cacciola chegou ao Rio e foi direto para a sede da Polícia Federal para interrogatório e depois transferido para o Presídio Ary Franco, até vagar cela especial na penitenciária de Bangu 8, onde ficará detido provavelmente por muito pouco tempo. Os advogados apresentaram o diploma de nível superior do ex-banqueiro ao subsecretário da área prisional do Estado, Francisco Rocha.
Os advogados do ex-banqueiro deixaram o presídio e viajaram para Brasília, onde tentarão uma audiência no Supremo Tribunal Federal (STF). A defesa de Cacciola aguarda resposta do pedido de habbeas corpus feita ao STF, para que ele responda pelas acusações em liberdade, o que deve demorar pelo menos duas semanas para sair (duvidamos muito) e depende ainda de parecer do Ministério Público Federal (MPF) e do Tribunal Regional onde o caso está agora.
Cacciola disse que não se considera um foragido e confia na Justiça. Segundo ele, quando deixou o Brasil, em 2000, levava uma decisão do ministro Marco Aurélio de Melo (lembram dele?), do Supremo Tribunal Federal (STF), que garantia seu direito de deixar o país. Lembrou que está voltando preso, mas as outras pessoas que foram condenadas com ele neste processo estão trabalhando e livres.
Cacciola era procurado pela Justiça desde 2000, quando deixou o Brasil, via Paraguai, em direção à Itália (via Paraguai! E não estava fugindo!). Em 2005, ele foi condenado a 13 anos de prisão por crimes de peculato (apropriação ilegal de recursos por funcionário público ou com auxílio de um), gestão fraudulenta e corrupção passiva. A sentença diz respeito ao auxílio que os bancos Marka e FonteCindam, de sua propriedade, receberam do Banco Central (BC) durante a crise cambial de 1999, resultando em um prejuízo de R$ 1,5 bilhão de prejuízo à União, por ocasião do governo FHC.