terça-feira, 14 de abril de 2009
Saúde – Continuam brincando com a infecção hospitalar
O controle da infecção hospitalar é deficiente em mais de 90% dos hospitais do estado de São Paulo, o mais desenvolvido do país. Segundo levantamento do Ministério Público e do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), apenas 12 de um total de 158 hospitais visitados atenderam simultaneamente 10 itens considerados imprescindíveis para o funcionamento de um programa eficiente de infecção hospitalar. O levantamento foi feito entre outubro de 2007 e janeiro de 2008, mas os dados só foram divulgados agora.
Dos hospitais visitados, 56 são da capital e Grande São Paulo e 102 do interior do estado. Pelo levantamento, 35,4% não controlam a utilização de antibióticos - o que pode gerar micro-organismos resistentes e gastos desnecessários - e 25,3% não realizam vigilância de controle da infecção em áreas críticas como as UTIs. O estudo mostra ainda que 21% não estabelecem critérios formais de diagnóstico das infecções hospitalares e 20% não têm estratégias de controle de consumo de germicida e sabão. Dos hospitais fiscalizados, 75 são públicos e 93, privados. Ao todo, eles respondem por 20.563 leitos. Dentre os hospitais públicos, 16,9% prestam atendimento especializado de alta complexidade. Já entre os privados, apenas 4,3% realizam procedimentos complexos. A metade dos hospitais privados atende tanto pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) quanto de conveniados a planos de saúde e particulares. Segundo o Cremesp, o estado tem 741 hospitais. Não estão incluídos nesse total os asilos, unidades psiquiátricas e as que têm menos de 20 leitos.
O Conselho notificou 118 hospitais com problemas graves e o MP entrará com uma ação civil pública para fechar os que não se adequarem às regras.
O problema é extremamente grave. A legislação em vigor, de 1998, obriga os hospitais a terem uma comissão e um programa de controle de infecção hospitalar. A lei é explícita e indica o que fazer para reduzir os índices. Nenhuma unidade hospitalar atinge índice zero de infecção, mas é preciso ter forma de controle e de fiscalização.
Segundo o levantamento, 15% dos pacientes internados acabam contraindo algum tipo de infecção no hospital, desde infecções simples, como a urinária, mas também as mais graves, como as sanguíneas. Um índice zero de infecção não existe, mas é preciso criar formas de redução desse problema até para reduzir os custos de um tratamento, que geralmente é feito com antibióticos de última geração e sempre muito caros.
Uma infecção hospitalar aumenta o período de internação entre 5 e 10 dias, em média. Causadas por bactérias e também por fungos e vírus, elas ocorrem especialmente no trato urinário, em feridas cirúrgicas e durante o tratamento de problemas respiratórios e queimaduras. Em alguns hospitais os funcionários não têm o hábito nem mesmo de lavar as mãos. Em outros, há falta de equipamentos de esterilizarão sofisticados de materiais cirúrgicos.
Para o Ministro da Saúde, José Gomes Temporão, todo hospital tem que ter uma comissão de infecção hospitalar organizada que trabalhe dentro de critérios e padrões, e que realize permanente e cotidianamente o protocolo para prevenção das infecções.
De acordo com o levantamento do Cremesp e do MP de São Paulo, 82% das comissões de controle de infecção hospitalar não funcionam adequadamente.
Precisa dizer mais alguma coisa? Ah sim, já ia me esquecendo! Esse é o cara!
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