Lideranças de 100 comunidades do Rio de Janeiro se reuniram em assembleia para tomar medidas contra a polêmica construção de muros no entorno de 11 favelas do Rio de Janeiro. Será criada uma comissão de negociação com o Estado para propor um anel viário na Rocinha como alternativa. O movimento promoverá um ato público e já conta com o apoio de um defensor público do Estado.
Os representantes das comunidades foram unânimes em condenar a construção dos muros em torno das favelas. Para eles, o muro não vai trazer benefício nenhum para as comunidades e o estado tem que entrar com uma ação social, com emprego, com educação, garantindo os direitos dos cidadãos.
A Defensoria Pública do estado acompanhou o encontro e informou que pode tomar medidas jurídicas contra a instalação das barreiras de concreto. Segundo o Defensor Público Alexandre Mendes, o objetivo seria declarar o muro ilegal, impedindo sua construção.
O governo já fez a licitação para construir seis quilômetros de muros ao redor dos morros da Rocinha e da Chácara do Céu, na Zona Sul, e Pedra Branca, na Zona Oeste. No Morro Dona Marta, em Botafogo, a obra já começou. Está prevista a construção de uma barreira de 600 m separando a favela da mata.
Para o presidente da Emop-RJ, Ícaro Moreno, o muro é para, de um lado, proteger a comunidade, em termos do crescimento horizontal, e, por outro lado, proteger o bioma da Mata Atlântica, que está sendo destruído. Os representantes das comunidades não querem o muro, mas são a favor de conter o crescimento ilegal das favelas. Por isso, na reunião, também discutiram propostas alternativas ao projeto do governo do estado.
A substituição do muro por um anel viário é uma das idéias defendidas que as comunidades querem levar ao governador.