sexta-feira, 24 de abril de 2009
Biodiversidade - Pau-brasil pode ser alternativa contra o câncer
Há 509 anos, a árvore era abundante na Mata Atlântica por ocasião do descobrimento e deu o nome ao país. Com folhas miúdas, vagens e o tronco cheio de espinhos, o pau-brasil (Caesalpinia echinata) pode atingir até 30 m de altura e é dono de uma façanha única no mundo: nenhuma outra árvore batizou uma nação. As flores duram apenas dois dias e o miolo é cor de brasa, daí o nome Brasil. A madeira também é a melhor que existe para fabricar arcos de instrumentos de corda.
O corante extraído do pau-brasil era disputado como ouro em pó pelos colonizadores. Os nobres da época usavam o vermelho intenso para tingir roupas e produzir tintas para escrever. O pau-brasil virou símbolo de poder e riqueza.
Importante no passado e ameaçado de extinção, o pau-brasil ainda pode revelar muitas riquezas. Foi o que constatou a pesquisadora Elizângela Cristhianne Barbosa da Silva da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). O trabalho por ela desenvolvido mostra que o extrato da planta reduziu tumores em camundongos e o pau-brasil pode ser uma alternativa no tratamento contra o câncer. Somente num experimento inicial, a doença sofreu uma redução de 80%. Um resultado surpreendente e bastante favorável, tendo em vista que, para considerar uma substância como eficaz em um experimento com os roedores, basta que o seu resultado esteja numa faixa de 50% a 60%.
O extrato bruto do pau-brasil utilizado nos experimentos contém, entre outras substâncias, a brasileína, um composto químico com propriedades corantes e que é responsável pela pigmentação vermelha do pau-brasil. Essa substância é encontrada na árvore na forma de brasilina, mas, após um processo de oxidação, ela torna-se a brasileína.
A espécie ocupa o topo da lista das árvores ameaçadas de extinção no país e estima-se que cerca de 70 milhões de árvores foram derrubadas para a fabricação de corante, instrumentos e móveis, sendo exportadas para a Europa pelos colonizadores portugueses.