Às vésperas da Semana Santa, moradores da colônia de pescadores de Ramos, no subúrbio do Rio, presenciaram um verdadeiro milagre da multiplicação dos peixes. Cerca de 12 toneladas de corvina foram distribuídas, fruto de uma apreensão feita pela Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA) no local a partir de uma denúncia anônima. A delegacia monitorava a pesca predatória e recebeu informação de que o material seria descarregado ontem pela manhã na colônia de Ramos.
A carga, proveniente da Baía de Sepetiba, estava sendo retirada de um barco pesqueiro atracado. A pesca foi feita de forma predatória, o que caracteriza crime ambiental. Essa forma ilegal de pesca é praticada com redes de malha pequena, utilizadas para a pesca da sardinha, e acabam pegando peixes de outras espécies que ainda estão em desenvolvimento, além de destruir e dizimar espécies de fundo devido ao sistema de arrasto. Onze pessoas foram detidas, inclusive, o dono da traineira, responsável pela pesca. Todos foram indiciados por crime ambiental e também deverão pagar uma multa, cujo valor será estipulado pelo IBAMA. A pena varia de um a três anos de cadeia.
Técnicos do IBAMA estiveram no local e avaliaram que os peixes estavam próprios para o consumo. O delegado chamou o presidente da associação de moradores e fez a distribuição no local. A disputa pelos peixes foi grande: bolsas, baldes e bacias foram utilizados para conseguir o máximo de quilos possível do alimento.
Além do crime ambiental, a pesca irregular ainda gera um problema sócio-econômico: a pesca predatória com grandes barcos, compete com a pesca artesanal, dificultando a sobrevivência de centenas de pescadores artesanais da região.
O uso de rede para pescar esse tipo de peixe foi proibido pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) em 2007.