terça-feira, 7 de abril de 2009
Economia - Carbono pode provocar um novo colapso financeiro
A ONG norte-americana Friends of Earth, na semana passada, divulgou o relatório “Subprime Carbon? Re-thinking the World’s Largest New Derivatives Market”, no qual afrima que se uma legislação para o aquecimento global não for estruturada corretamente, há o risco de um enorme mercado de derivativos vinculados ao carbono levar a um colapso financeiro mundial, do mesmo modo que os créditos subprimes do setor imobiliário dos Estados Unidos resultaram na atual crise econômica.
Segundo a organização, na luz das espetaculares falhas do mercado que se tornaram aparentes no último ano, e com a falta de mecanismos concretos de governança para prevenir tais lacunas, é imprudente criar tão rapidamente um dos maiores derivativos de mercado do mundo. O relatório recomenda que apenas uma forte regulamentação e supervisão poderão assegurar a transparência nos mercados financeiros e, por isso, a governança das negociações de carbono já deve ser incluída nos esforços atuais para regulamentar Wall Street.
O estudo diz que o “subprime do carbono” viria dos créditos de carbono de risco ligado a projetos de compensação de emissões de gases do efeito estufa (GEE) que ainda estão em andamento. Assim, há o risco de as reduções não serem efetivadas e, como o subprime das hipotecas, o crédito de carbono ligado a cada tonelada de gás não reduzido perderia totalmente o seu valor, o que levaria a um colapso no mercado.
Atualmente, a maioria dos créditos de carbono são vendidos como contratos futuros, mas carregam alto risco porque os vendedores com freqüência prometem entregá-los antes do Quadro Executivo do MDL oficialmente emitir os créditos, ou algumas vezes antes mesmo das verificadoras confirmarem quanto de GEEs foi reduzido.
A Friends of Earth ressalta que comprar ou vender carbono, sejam as permissões de emissão ou créditos ligados a projetos, é fundamentalmente um comércio de derivativos, pois atualmente a maioria deles é vendida como contratos futuros. Por isso, não há razão para acreditar que só porque os traders e bancos de investimentos venham a ganhar alguma credencial verde com o comércio de carbono que Wall Street irá naturalmente se comportar de modo mais honroso quando jogando com esta nova classe de derivativos.
O aquecimento global atingiu um ponto de crise no qual é imperativo que o Congresso dos Estados Unidos haja rapidamente trazendo soluções, porém precisa fazê-lo de modo cuidadoso e da forma correta desde o início. Atualmente, os mercados de carbono são relativamente pequenos, porém se os Estados Unidos adotarem o comércio de carbono na escala prevista pelo maior número de projetos de lei “cap and trade”, os derivativos de carbono irão se tornar o maior de todos os produtos derivativos dos próximos quatro ou cinco anos.
A ONG recomenda que os Estados Unidos utilizem estratégias diversificadas para reduzir dramaticamente os GEE, não apenas se baseando no comércio de carbono, como propõe boa parte dos projetos de lei sobre mudanças climáticas em tramitação no Congresso. Apesar de muitos legisladores falarem sobre comércio de carbono como se fosse a única maneira de reduzir os gases do efeito estufa, nenhuma opção resolverá as mudanças climáticas sozinha, sendo necessárias estratégias complementares para isto.
É, todo cuidado é pouco. O mercado financeiro nunca se importou com a questão ambiental. O negócio era encher o bolso e que se dane o planeta, dane-se o meio ambiente. Quando a coisa envolve dinheiro, as orelhas dos especuladores empinam e os olhos crescem. Não custa nada para essa gente se transformar em ambientalista de um dia para outro, como muitos já estão fazendo há algum tempo, e saírem por aí negociando créditos de carbono a revelia. Isso eles sabem fazer muito bem. Mascarados em créditos verdes, eles continuarão a espoliar o planeta e, principalmente, as nações mais pobres é claro.