Em homenagem ao nascimento do americano Hugh Hammond Bennett (15/04/1881- 07/07/1960), considerado o pai da conservação dos solos nos Estados Unidos, o primeiro responsável pelo Serviço de Conservação de Solos daquele país, 15 de abril foi a data escolhida para o Dia da Conservação do Solo a ser comemorada em todo o planeta.
As experiências de Hugh, estudando solos e agricultura, nacional e internacionalmente, fizeram dele um conservacionista dedicado. Também pela capacidade de comunicação de seus textos, muito conquistou para a causa mundial da conservação.
No Brasil, o Dia Nacional da Conservação do Solo também é comemorado na mesma data. Ele foi instituído pela Lei n° 7.876, de 13 de novembro de 1989, com o objetivo de dedicar esse dia à reflexão sobre a conservação dos solos e sobre a necessidade de utilizarmos corretamente este recurso natural e, assim, viabilizarmos a manutenção e mesmo melhoria de sua capacidade produtiva, única forma de aumentarmos de forma sustentável a produção de alimentos, sem degradação ambiental.
Para se ter produção sustentável, algumas práticas e tecnologias devem ser utilizadas, tais como a manutenção da cobertura do solo, reflorestamento, terraceamento, plantio em curvas de nível, adubação verde, rotação de culturas, plantio direto, dentre outras.
Um solo se degrada quando são modificadas as suas características físicas, químicas e biológicas. O desgaste pode ser provocado por esgotamento, erosão, salinização, compactação e desertificação. A utilização dos solos para o fornecimento de produtos agrícolas, por exemplo, não pode ser do mesmo tipo para todas as regiões brasileiras. Para cada uma, há um conjunto de fatores que devem ser devidamente analisados, para que os terrenos proporcionem uma maior produtividade.
A expansão das culturas de subsistência e a criação de animais para utilização pelos homens, os cultivos da cana-de-açúcar e do café e, mais recentemente, a da soja, têm sido realizados com rotinas inadequadas (isso desde a descoberta do Brasil pelos europeus), resultando em agressões aos elementos naturais, especialmente, ao solo e à água. Sempre tivemos uma rotina de "rotação de terras", sem a preocupação de qualquer programação para restaurar os solos e as florestas que foram esgotados.
Por falta de conhecimento, não só muitos agricultores e pecuaristas estão degradando intensamente os nossos recursos naturais, mas também madeireiros, garimpeiros e carvoeiros. Quem mais utiliza tem ainda pouca consciência de que o solo, a água e as florestas são recursos naturais finitos e que, após a sua degradação, a recuperação pode ser irreversível. É fundamental a disseminação da idéia de que "é mais econômico manter do que recuperar recursos naturais".
A ação da água da chuva sobre os terrenos continua sendo um dos principais agentes da degradação dos solos brasileiros. Grandes volumes de terra são transportados dos terrenos mais altos pelas enxurradas e depositadas nas calhas dos cursos d'água. Esse processo reduz a capacidade do solo de armazenar a água da chuva, ocasionando inundações, com graves conseqüências socioeconômicas. O total de terras arrastadas pelas enxurradas é calculado em torno de 2 a 2,5 bilhões de toneladas, anualmente. Há prejuízos diretos e indiretos. Há efeitos agora e haverá no futuro.
Nesse ano, elegeu-se o plantio direto na palha como uma técnica de conservação a ser discutida e cada vez mais difundida. Implantado há mais de 30 anos no Brasil, por meio dele é possível aumentar a produtividade da lavoura e a vida útil das máquinas, reduzir os gastos com combustível, melhorar a eficiência dos fertilizantes e proteger o meio ambiente. O plantio direto bem feito emprega cerca de quatro toneladas de palha por hectare, volume suficiente para melhorar os teores de matéria orgânica, facilitar a infiltração da água e proteger o solo contra a erosão.
Esse sistema representou uma revolução na agricultura brasileira, pois dispensa revolvimento do solo com o uso de grades e arados, trabalha com rotações de culturas e viabiliza o aumento da matéria orgânica. Vale ressaltar que cerca de 80% da fertilidade do solo depende da matéria orgânica e o plantio direto permite manter e aumentar esses teores no solo.
Mais de 50% da área brasileira cultivada com grãos já utiliza o plantio direto como um sistema produtivo conservacionista. Por isso, é muito importante promover o plantio direto na palha, focando a melhoria da renda do produtor, proteção do solo e da água e redução do uso de insumos químicos, como fertilizantes e inseticidas. Assim, é possível obter solo fértil e prevenir a perda de sementes e adubos, além de minimizar os impactos ambientais negativos da erosão.
Uma nação sem solo fértil é uma nação fadada à miséria.