Organizações ambientalistas lançaram nesta terça-feira um projeto que pretende restaurar 15 milhões de hectares da Mata Atlântica até 2050, equivalentes a cerca de 10% da floresta original e ao dobro da área atualmente conservada. Chamado de Pacto pela Restauração da Mata Atlântica, tem o objetivo de integrar iniciativas já existentes e ampliar o alcance de projetos para reverter o processo de degradação e começar um amplo programa de recuperação da floresta.
Estima-se que apenas 7,26% da área original da Mata Atlântica (de 1,36 milhão Km2) ainda estejam conservados. Outros 13%, segundo os idealizadores do pacto, são fragmentos em diferentes estágios de conservação, que necessitam de ações de proteção. Com os 15 milhões de hectares que o projeto pretende restaurar (área equivalente a três vezes o território do Estado do Rio de Janeiro), o objetivo é chegar à meta de 30% do bioma da Mata Atlântica recuperados. Um mapeamento realizado desde 2007 identificou 17,45 milhões de hectares com potencial para restauração.
O plano já conta com a adesão de 53 organizações ambientalistas, empresas, governos e instituições de pesquisa. A coordenação do projeto espera novas adesões, inclusive de organizações de indígenas, quilombolas e assentados da reforma agrária. Um dos objetivos é aliar a conservação da biodiversidade à geração de trabalho e renda na cadeia produtiva da restauração. Também está prevista a disseminação de informações técnicas, além do monitoramento das ações.
Proprietários rurais, por exemplo, poderiam se beneficiar com a adequação legal de suas terras e eventuais ganhos financeiros por sequestro de carbono e outros serviços ambientais. Áreas de pastagens com baixa produtividade poderiam ser transformadas em florestas manejadas com alto rendimento econômico.
Segundo o coordenador geral do projeto, Miguel Calmon, que também é diretor do programa de conservação para a Mata Atlântica da The Nature Conservancy, o valor médio para recuperar um hectare da Mata Atlântica é de US$ 1 mil, o que levaria a um cálculo de aproximadamente US$ 15 bilhões para recuperar 15 milhões de hectares.