sexta-feira, 27 de março de 2009

Fauna – Baleias azuis em imagens inéditas


O documentário “O Reino da Baleia Azul”, filmado pelos pesquisadores da ONG americana Cascadia Research em águas da Costa Rica, será exibido neste sábado (28), às 22:00, no canal de TV por assinatura Nat Geo. O documentário relata fantásticas descobertas, mostrando cenas submarinas inéditas das baleias azuis com destaque para um filhote, cujas cenas, acreditam os cientistas, poderão ajudar na proteção da espécie, que está ameaçada de extinção.

O filme ainda fornece indícios do porque estes animais se tornaram uma das espécies mais ameaçadas do planeta. Mostra que atualmente nossos oceanos são mais transitados e mais barulhentos, e os recursos dos quais as baleias dependem estão desaparecendo. Embora a caça da baleia azul seja ilegal, outro perigo está à solta: os gigantescos navios de carga.

A baleia-azul (Balaenoptera musculus) é o maior animal vivo da Terra e provavelmente o maior ser vivo de todos os tempos, mais avantajado que os dinossauros, podendo chegar a 33 m de comprimento e mais de 200 toneladas de peso, o correspondente ao peso de 25 elefantes asiáticos. As fêmeas da baleia-azul são maiores do que os machos. Suas nadadeiras laterais alcançam 5 m de comprimento cada uma e a caudal, 7 m. A sua nadadeira dorsal serve como órgão de equilíbrio e direção e a nadadeira caudal funciona como órgão de propulsão, estando disposta horizontalmente e executando movimentos de cima para baixo, podendo alcançar uma velocidade de 30 Km/h. Este tamanho descomunal só foi possível de alcançar por viverem exclusivamente no meio aquático, o que ajuda a sustentar o grande peso dos seus corpos. Esse peso seria demasiado para ser suportado pelos seus ossos, caso vivesse em terra.


É também o animal mais ruidoso do mundo. Emitem sons de baixa frequência que atingem os 188 decibéis, mais fortes que o som de um avião a jato, podendo ser ouvidos a mais de 800 Km de distância. Esses sons são utilizados pra comunicarem-se, já que visão e o olfato são limitados.

O corpo é comprido, esguio e hidrodinâmico, com cabeça pontiaguda. A coloração é cinza, com manchas pálidas, cuja disposição é um caráter distintivo de cada indivíduo, como as impressões digitais dos seres humanos. A tonalidade azul aparece quando está submersa e o dia é ensolarado.

Se alimenta preferencialmente de krill (minúsculo crustáceo parecido com o camarão - Meganyctiphanes norvegica - vive no norte do Oceano Atlântico e é conhecido como krill do norte; Euphausia superba - vive nas águas do Oceano Antártico, sendo conhecido como krill antártico), o qual pode consumir até 8.000 kg num dia, mas também pode se alimentar de pequenos peixes e lulas. Como outras baleias, usam lâminas córneas na sua cavidade bucal para filtrar seu alimento da água do mar.

Krill antártico (Euphausia superba)

Cardume de krill

Costuma ser um animal muito dócil. É uma espécie cosmopolita, ocorrendo em todos os oceanos, de características migratória. Migram normalmente no inverno para locais com água que tenham baixas latitudes, na primavera vão em direção aos pólos e no verão é quando se alimentam em águas de alta latitude. Vivem em grupos de dois a três indivíduos. São de uma inteligência incrível e de uma sensibilidade enorme apesar de seu tamanho assustador.

Os mergulhos da baleia-azul costumam durar de 3 a 10 minutos, por isso sobe periodicamente à superfície para respirar, pois não aguentam ficar submersas por mais de 30 minutos. Sendo assim, não dormem profundamente, tiram apenas alguns cochilos rápidos freqüentemente flutuando perto da superfície dos oceanos, já que e se dormissem profundamente poderiam perder o ar dos pulmões e, por incrível que pareça, poderiam se afogar. Nos mergulhos mais longos, o animal pode atingir uma profundidade de até 200 m. O pulmão pode conter aproximadamente 5.000 litros de ar. O orifício respiratório em cima da cabeça é bem visível e quando sobe à superfície para respirar, pode produzir jatos de água de até 9 m de altura.


A maturidade sexual é atingida por volta dos 10 anos de idade, ou quando os machos têm em média 22 m e as fêmeas 24 m. A gestação dura de 11 a12 meses, dando a luz a apenas um filhote, que nasce com cerca de 7 m e 2.500 kg de peso. Por ser um mamífero, respira por pulmões, tem sangue quente e amamenta seu filhote com leite através de suas glândulas mamárias. Os bebês consomem até 380 litros de leite por dia e são amamentados por um período de sete meses, quando atingem quase 13 m de comprimento e 10 toneladas, tornando-se independentes.

Imagens do documentário "O Reino da Baleia Azul"

A espécie foi muito caçada por sua carne, gordura, óleo e barbatanas, o que a levou quase a extinção. Apenas uma baleia pode render de 70 a 80 barris de óleo, além disso, seus ossos têm grande importância econômica. São 60 toneladas de músculos e 30 de gordura. Os filhotes são presas de tubarões e orcas. Em 1904, começou a ser capturada na Antártica e em cerca de 30 anos, os caçadores acabaram com a população de baleias-azuis na região. Só em 1930, foram capturados 30 mil animais. Em 1966, após a caça de mais de um milhão de baleias-azuis, o animal recebeu proteção no mundo inteiro. Acredita-se que havia cerca de 250 mil representantes da espécie no hemisfério sul antes do período exploratório. Hoje, não há mais que 1.500. Hoje em dia, é raro vê-las nos mares gelados da Antártica. Apesar de o número de representantes da espécie estar aumentando no hemisfério norte, dificilmente chegará perto do que se verificou no passado, até porque o krill, seu principal alimento, vem sendo capturado pelo homem e é também disputado por outros animais, como baleias, focas, peixes, pingüins e outras aves. No Brasil, a baleia-azul é muito rara. Durante 75 anos de caça no litoral brasileiro, apenas quatro foram capturadas e poucas mais foram vistas. O mais recente registro da espécie em nossas águas foi o de uma fêmea de 23 m que encalhou no Chuí, RS. O esqueleto dela está no Museu Oceanográfico da Universidade de Rio Grande, também localizado no Rio Grande do Sul.

Esqueleto de baleia azul com 25 m de comprimento
na entrada do Museu Oceanográfico de Rio Grande, RS


Não há informações sobre a longevidade da espécie e, mesmo com a caça proibida, a baleia azul é a única espécie de baleia considerada em risco iminente de extinção pela União Internacional de Conservação da Natureza.