
O próximo passo será a licitação pela Empresa de Obras Públicas (EMOP) do projeto que prevê a construção de um paredão de 2.800 m de extensão que irá contornar a Rocinha. As obras para outras nove comunidades, todas na Zona Sul, serão licitadas até maio. No total, serão mais de 11 mil metros de murada em concreto para conter o surgimento de novas construções nas favelas cariocas.
O muro erguido nas comunidades terá um mesmo padrão, feito de concreto, com base em vergalhões de ferro e três metros de altura. A opção de um paredão vazado foi descartada porque o estado tinha o receio de que ele pudesse ser mais facilmente destruído. A expectativa é que, até o fim deste ano, as obras já estejam concluídas em todas as favelas contempladas.

A expansão das favelas no Rio de Janeiro tem abocanhado pedaços cada vez maiores das áreas verdes, e os parques, que serviriam naturalmente como barreiras para impedir que duas favelas próximas se tornem um complexo, não vêm sendo poupados pelas ocupações irregulares.
O Parque Dois Irmãos, no Leblon, e o Parque da Cidade, na Gávea, são duas das áreas verdes que têm sido consumidas pelo crescimento acelerado do número de casas das favelas vizinhas. O Dois Irmãos, pela Chácara do Céu e o Parque da Cidade, pela Rocinha. Servem como exemplo da relação entre o crescimento desordenado e o abandono das áreas verdes. Moradores dessas comunidades estacionam carros nas áreas de preservação, bandidos armados circulam sem se importar com os visitantes, dentre outros problemas. O Parque da Cidade, por exemplo, está abandonado. O Parque Dois Irmãos, no Leblon, criado em 1998, não fica fora desse quadro. Na época a unidade foi entregue com um novo acesso à favela, com a justificativa que antes esse acesso era muito difícil. Aos poucos foram construindo casas para alugar e de três anos para cá a situação ficou descontrolada de vez.

Além da Rocinha e do Dona Marta, serão contornadas pelos muros do governo estadual as comunidades Benjamin Constant (Urca), Parque da Cidade (Gávea), Morro dos Cabritos e Ladeira dos Tabajaras (Copacabana), Morro da Babilônia e Chapéu Mangueira (Leme), Cantagalo (Ipanema), Pavão-Pavãozinho (Ipanema) e Vidigal (Leblon).

Não sei se é muita “ingenuidade” do governo estadual achar que um muro de concreto não será destruído! Se não houver fiscalização do Poder Público (como nunca existiu, daí a situação catastrófica atual), tudo continuará sendo destruído, de concreto ou de qualquer outra coisa. Não só a questão da fiscalização ambiental e aparelhamento das unidades de conservação devem ser levadas a sério, mas também a de segurança pública. Sabe-se que é de grande interesse da criminalidade que essas comunidades se juntem, formando complexos cada vez maiores e mais difíceis de ser acessados ou patrulhados. Para os marginais, quanto mais complicado ficar para dar segurança nesses locais, melhor. Com isso, esses grupos armados continuariam a subjugar os moradores, agindo cada vez mais livremente.