quarta-feira, 18 de março de 2009

Educação – Como esperar um futuro melhor?


A Prefeitura do Rio de Janeiro aplicou uma prova para os alunos dos 4º, 5º e 6º anos do Ensino Fundamental, para tentar medir o quanto aprenderam os alunos da rede municipal e assim, identificar os analfabetos funcionais, os quais serão realfabetizados em turmas separadas com aulas de reforço. Além de aprenderem a ler, simultaneamente, receberão o conteúdo da série em que estão matriculados. Assim, não será preciso repetir o ano.

O analfabeto funcional é aquele que lê, mas não entende, mesmo com a
capacidade de decodificar minimamente as letras, geralmente frases, sentenças e textos curtos, não desenvolve a habilidade de interpretação de textos.

O triste quadro da educação da cidade foi revelado no levantamento preliminar dos resultados do teste de português, realizado no dia 10 de março. O Rio tem, na rede pública municipal de ensino, cerca de 25 mil analfabetos funcionais. Num universo de 210 mil alunos, o número representa cerca 14%. O resultado pode estar relacionado com a aprovação automática, política adotada nos dois últimos anos em todo o ensino fundamental. O resultado completo, com as análises, será divulgado nos próximos dias pela Secretaria Municipal de Educação.

A secretária de Educação, Cláudia Costin, disse que vai fazer uma parceria com a Secretaria municipal de Saúde para avaliar esses alunos. Todos farão testes de acuidade visual e auditiva para saber se algum problema está influenciando o estudo. Claudia Costin já esperava um índice de analfabetos funcionais próximo a 14%, mas afirmou que a taxa já deveria ter sido superada pelo município.

A partir deste ano, haverá provões bimestrais com conteúdo único para todas as escolas. Segundo a Secretaria Municipal de Educação, esses provões bimestrais - elaborados pelos professores e pela secretaria - vão avaliar se o currículo escolar de cada série está sendo aplicado igualmente em todas as 1.042 unidades da rede. Todos os 720 mil estudantes da rede farão exames de Português e Matemática que apontarão quem vai precisar de aulas d
e reforço em horário extra.

Isso está ocorrendo no segundo maior centro populacional do país. Imagine a situação de outros estados menos favorecidos, nos confins dessa nação. Só para se ter uma idéia, o próprio Ministério da Educação admite que existam 30 milhões de analfabetos funcionais no Brasil. Apesar do crescente acesso da juventude pobre à escola, o país continua marcado pela desigualdade econômica e regional. Os índices de analfabetismo em famílias com renda acima de dez salários mínimos chega a ser 20 vezes menor do que entre quem ganha um salário mínimo.

Os dados mais alarmantes vêm do Norte e Nordeste. O município de Jordão, no Acre, é campeão de analfabetismo no País, com uma taxa de 60,7%. Ou seja, de cada dez moradores, seis não escrevem nem lêem. Dos 5.507 municípios pesquisados, os 20 com as piores taxas são nordestinos ou nortistas. Em todos eles, mais da metade da população é iletrada.

Isso, sem dúvida nenhuma, é resultado da irresponsabilidade dos governos que por aqui passaram, que conviveram e ainda convivem intimamente com a corrupção. É resultado da falta de comprometimento da classe política em parceria com a elite que dominam e exploram cada vez mais a miséria do povo. Como esperar um futuro mais consciente, mais ecológico, mais humano, mais cidadão? Está difícil ser otimista nesse país.