sexta-feira, 20 de março de 2009
Biodiversidade - Novas espécies descobertas no Peru
Quatro descobertas feitas durante uma série de expedições realizadas na região das florestas próximas à Cordilheira Branca, no Peru, entre 2005 e 2008, foram anuncioadas nesta última quinta-feira por cientistas da Associação de Ecossistemas Andinos (Ecoan), que liderou as descobertas em parceira da Conservação Internacional. Entre as novidades, três espécies são comprovadamente novas para a ciência, uma planta do altiplano andino (Senecio sanmarcosensis) e dois besouros (Eriopis canrash e Cycloneda andresii), enquanto um rato (Akodon sp.nov) é provavelmente uma nova espécie.
As descobertas salientam a importância das florestas de Polylepis ou queñuales como também são conhecidas, pela alta concentração de biodiversidade e pelo seu papel como fonte de água para mais de 130 famílias de quatro comunidades locais (Aquia, Huasta, Challhuayaco e Pujun) que moram no entorno dessas florestas e delas dependem para obtenção de lenha e de outros recursos para a sua sobrevivência.
O pequeno roedor mede menos de 9 cm de comprimento, pouco maior que a própria cauda, que mede 6,5 cm, e desempenha papel importante no controle de insetos e na dispersão de sementes no ecossistema. Do gênero Akodon, o animal vive entre 2.880 e 4.733 m acima do nível do mar e é encontrado somente na região de Ancash, no noroeste do Peru.
A planta Senecio sanmarcosensis faz parte da vegetação dos pântanos do altiplano andino e cumpre importante papel na purificação da água que vem da montanha e atua como seu reservatório. Essa água é fonte de vida para as comunidades que moram no vale localizado ao pé da cadeia de montanhas. A espécie desabrocha entre maio e julho e é encontrada somente em três lugares da região de Ancash, todos acima dos 4.500 m de altitude. Os cientistas sugerem que a planta descoberta seja incluída na categoria de “Quase Ameaçada”, conforme os critérios da Lista Vermelha da União Mundial para a Natureza (IUCN), uma vez que só é encontrada em poucas áreas que sofrem pressões, como as do pastoreio intensivo.
Os besouros das espécies Eriopis canrash e o Cycloneda andresii controlam as populações de pulgões e de ácaros, responsáveis pela destruição de plantações importantes para a sobrevivência dos povos da região.
A expedição científica estudou a biodiversidade de 13 queñuales, ecossistema fundamental para a contenção da erosão do solo e, também, para a produção de grandes quantidades de oxigênio. Essas florestas estão entre as mais elevadas do mundo e muitas estão localizadas próximas a montanhas de picos nevados. Cerca de metade das plantas que as comunidades locais usam com finalidades medicinais é encontrada nos queñuales, que abrigam ainda mamíferos como a onça parda ou sussuarana (Puma concolor), a viscacha (Lagidium viscacia), o gato andino (Oreailurus jacobita) e o taruca (Hippocamelus antisensis), entre outros. Esse ecossistema é constantemente ameaçado pela extração de madeira descontrolada, práticas de pastagens não sustentáveis, queimadas e mineração.
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