
Como a maioria da população utiliza valas negras para despejar o esgoto, há risco de contaminação por doenças graves, como hepatite, cólera e tifo. A falta de saneamento coloca em risco vidas e também o único rio livre de poluição que corta São Paulo, o Rio Capivari.
A região é de extrema importância ambiental, pois além de abrigar o único rio sem poluição que corta Marsilac, abriga vários cursos d’água intactos que nascem na Serra do Mar e abastecem o Sistema Guarapiranga, que fornece cerca de 30% da água consumida em São Paulo.
O drama da população de Marsilac é exemplar para se entender o que acontece com o saneamento básico no Brasil. O Índice de Desempenho Ambiental, levantamento feito pelas Universidades de Yale e Columbia que mede a performance ambiental de 132 países, listou o Brasil em 34º no ranking, com 82,7 pontos de média. Não muito atrás de países como Dinamarca (84) e Espanha (83,1). Mas no quesito Adequação Sanitária o país faz feio. No levantamento de 2008 teve nota 70,8. Na comparação das Américas, ficou atrás de países como Guatemala, Paraguai, Jamaica e República Dominicana. Mesmo São Paulo, que tem IDH de país europeu, tem seu lado africano.
Hoje, 97% dos municípios brasileiros dispõem de água tratada em 70% das residências ou mais, só que apenas um terço do esgoto é recolhido, e apenas 30% desse esgoto coletado é tratado. Esse é o maior fator de poluição de águas no Brasil.

Há duas décadas a política no país era afastar o esgoto. Jogava-se no mar, rio abaixo. Hoje, com as cidades crescendo e uma se juntando à outra, a população passa a ver a sujeira e a visão de que saneamento não traz dividendos políticos já não existe. Apesar do cenário mais favorável ao investimento em saneamento, modernizar o setor no país exigirá tempo e dinheiro. Para se ter uma idéia, se começarmos agora, vamos demorar 20 anos e serão necessários R$ 200 bilhões para levar água e esgoto tratado a 100% dos domicílios. Em coleta e tratamento de esgoto, números internacionais mostram que se gasta cerca de R$ 600 por pessoa para montar a infraestrutura. Para tratar e distribuir água potável, o número gira em torno de R$ 200 per capita.
O gasto de R$ 200 bilhões pode parecer alto, mas o custo-benefício é atraente. Cada R$ 1 investido em saneamento, o poder público poupa R$ 8 em gastos na saúde e em alguns casos, a relação pode ser de R$ 1 para R$ 30.